Candidata diz que não autorizou advogado a denunciar em seu nome suposta coação para fazer campanha para Catarina na TV

Petição também menciona como autores os candidatos a vereador Max Morais e Andreia Nicoletti, irmã do deputado federal Nicoletti - o qual rivaliza com a deputada para ser o candidato único da legenda

A candidata a vereadora pelo União Brasil, Débota Ponte (Foto: Lucas Luckezie/FolhaBV)
A candidata a vereadora pelo União Brasil, Débota Ponte (Foto: Lucas Luckezie/FolhaBV)

A candidata a vereadora do União Brasil, Debora Ponte, revelou não ter autorizado o advogado do partido a apresentar, em seu nome, uma petição na Justiça Eleitoral para impedir que os postulantes da sigla sejam obrigados a fazer campanha para a candidata a prefeita, deputada estadual Catarina Guerra (União Brasil), durante participações no horário eleitoral no rádio e na televisão.

No dia 30, o juiz Angelo Augusto Graça Mendes, da 1ª Zona Eleitoral, decidiu liminarmente favorável ao pedido apresentado por Alex Ladislau – seu até então procurador -, ação à qual Debora alega que não teria autorizado.

A petição também menciona como autores os candidatos a vereador Max Morais e Andreia Nicoletti, irmã do deputado federal Nicoletti – o qual rivaliza com Catarina para ser o candidato único da legenda. Segundo o documento, esses candidatos teriam sido “coagidos durante a gravação de propaganda eleitoral” e impedidos de gravar seus programas por se recusar a pedir votos para a deputada estadual, no dia 28 de agosto.

À Folha, Debora Ponte explicou que não foi coagida, porque não estava na produtora responsável pela gravação, e esclareceu que seu programa estava gravado desde 22 de agosto. A candidata apresentou uma nova petição para excluí-la desse processo, assim como cancelar a procuração concedida a Ladislau para incluir seus novos representantes judiciais. O pedido foi aceito pela Justiça Eleitoral nessa terça-feira (3). “O Ladislau se sentiu à vontade para fazer isso porque eu sou da casa deles. Era! Não sou mais. Rompi com o Nicoletti por conta disso”, disse ela, afirmando surpresa com o caso.

Citados

Citado, Nicoletti afirmou que estava ciente apenas de que a candidata revogou a procuração do advogado do partido. “Porém, ela está em um grupo de WhatsApp de vereadores que comentaram lá que vários candidatos foram coagidos a gravar o programa eleitoral para a Catarina como forma de seus vídeos irem para a TV e rádio! Eu recebi também gravação e mensagens de alguns candidatos sobre o assunto e, pelo que sei, o advogado apenas comunicou o ocorrido para a Justiça Eleitoral para preservar o direito de cada um de ter seu espaço na TV e rádio de forma livre!”, esclareceu.

Procurado, Alex Ladislau declarou que recebeu procuração assinada pelos três candidatos para representá-los para observar tudo o que poderia prejudicar os seus interesses nas eleições e resguardar os direitos deles. Destacou que a petição foi baseada nos áudios e vídeos de Max sobre a suposta coação e apresentou o pedido prevendo que Debora também passaria por tal constrangimento.

Isso porque como Debora já havia gravado o seu programa eleitoral pedindo votos para Nicoletti, decisões favoráveis posteriores à Catarina no pleito poderiam tirar a gravação da candidata a vereadora do ar. “Como ela já tinha gravado o nome do Nicoletti, imaginei que ela não queria gravar o nome da Catarina e assim iria ficar fora do ar. E a legislação não permite essa imposição de pedir votos para candidatura a prefeito. A propaganda é dos candidatos a vereadores. Então, se eles não quiserem falar o nome do Nicoletti ou da Catarina, eles não são obrigados”, esclareceu.

“Entramos com representação para garantir o direito dela de não ser obrigada a falar o nome de candidato e que o programa dela fosse pro ar. Somente isso”, destacou Ladislau, ressaltando ainda que Debora entendeu o propósito da ação, mas resolveu pedir a revogação de sua procuração, inclusive faltando com a verdade na Justiça ao alegar que não sabia da suposta coação aos candidatos.

“Ela faz parte do grupo de candidatos vereadores, onde havia o relato do problema. Sobre eu não ter sido contratado pra isso, eu tenho contrato dela aqui comigo […]. De forma alguma, fiz uma coisa pra prejudicá-la, mas pra resguardar o direito dela”, finalizou.