Sistema Agroflorestal (SAF) é uma forma de uso e ocupação do solo em que árvores são plantadas ou manejadas em associação com outras culturas agrícolas. SAFs otimizam o uso da terra, conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola. Podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas.
Na cidade de Tomé-Açu, no Estado do Pará, esse modelo de cultivo tem se tornado referência. A reportagem da Folha esteve na região e conheceu o trabalho da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), que desde a década de 1970 vem explorando esse tipo de manejo.
Quando implantado na região, predominava a monocultura decadente da Pimenta-do-Reino. O Sistema é inspirado na vivência dos povos ribeirinhos, habitantes das margens dos rios da Amazônia, que plantavam em seus quintais o policultivo de árvores frutíferas e florestais, imitando a Floresta.
Segundo a Camta, foram testados mais de 200 modelos agroflorestais ao longo do tempo, consorciando-se com várias espécies, tais como: banana, maracujá, acerola, açaí, cupuaçu, seringa, castanha do Brasil, andiroba, bacuri, uxi, mogno, etc.
Os cultivos mais promissores foram reaplicados com definição agronômica de espaçamentos, combinações harmoniosas de plantas frutíferas e florestais, estabelecendo, em Tomé-Açu, os referenciais de marco da permanência da colonização japonesa, refazendo a paisagem de onde haviam vastas plantações de pimenta-do-reino, havendo, hoje, um mosaico de plantações agroflorestais, considerado um verdadeiro laboratório agroflorestal.
Na propriedade de Orleans Mesquita, que atua como coordenador do Conselho Fiscal da Camta, estão plantados açaí, cacau e bacuri. “Com esse sistema, o produtor tem mais tranquilidade, pois consegue ver rentabilidade em mais de um produto. Além disso, esse modelo é eficiente para a nossa região amazônica onde o calor intenso pode prejudicar a plantação”, explicou.
A disseminação do Safta (Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu) tem promovido a melhoria na qualidade de vida das comunidades envolvidas, sendo a cultura do cacau responsável pela base econômica regional, assegurando, deste modo, uma produção contínua, respeitando-se a cultura e os hábitos alimentares locais, e assim garantindo a comercialização dos produtos gerados na cadeia de produção contínua e sustentável.
A Camta conta atualmente com 160 cooperados que vão desde pequenos agricultores familiares até empresariais. A cooperativa também possui uma agroindústria que gera mais de 10 mil empregos diretos e indiretos.
“Com a agroindústria fazemos a comercialização da Pimenta-do-Reino, Amêndoas de Cacau, Óleos vegetais nobres e 15 sabores de polpas de frutas tropicais a nível nacional e internacional”, explicou a técnica em agropecuária Larissa Silva.