RR tem crescimento de 150% em casos de trabalho escravo

Roraima teve um crescimento de 150% nos índices de trabalho escravo registrados no Estado, informou o Ministério do Trabalho. No ano passado, as fiscalizações encontraram seis pessoas em situação exploratória. Agora, mesmo sem terminar o ano, já foram encontrados 15 trabalhadores em condições de escravidão.

Os dados são referentes às investigações do Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho no Brasil (SIT) levantadas de janeiro até a primeira quinzena de outubro em todo o país.

Durante este período 15 estabelecimentos foram fiscalizados, 15 guias de seguro desemprego emitidas e R$ 34 mil pagos em verbas rescisórias recebidas pelos trabalhadores. Dos 15 municípios de Roraima, o Cantá foi o que obteve o maior número de autos de infração lavrados em 2018 no Estado. Foram 57 no município, seguido de Amajari (26), Iracema (25), Boa Vista (23), Mucajaí (17) e Bonfim (14).

No ano passado, quando seis trabalhadores foram encontrados em condições escravas, o reembolso de verbas rescisórias recebidas pelos trabalhadores chegou à quantia de R$ 28 mil.

PERFIL – Segundo as ações do Grupo Móvel de Trabalho, o perfil dos trabalhadores era de homens que trabalhavam principalmente nas atividades de criação de bovinos, criação de peixe em água doce e cultivo de plantas em lavoura.

Em duas das fiscalizações realizadas pelos agentes, em maio e junho deste ano, foi constatado que os trabalhadores dormiam em barracas improvisadas com lonas de plástico, dormindo no chão, bebendo água de poço, usando água do rio para banho, cozinhando a própria comida em uma fogueira.

Os funcionários também trabalhavam em uma jornada de 10 horas e recebiam uma diária de R$ 30. Em alguns casos, os patrões exigiam que os trabalhadores utilizassem itens obrigatórios de segurança, mas a compra deveria ser feita pelos próprios servidores. Grande parte dos trabalhadores era de origem venezuelana.

Percentual de RR é superior à média brasileira

Em todo o Brasil, os auditores fiscais encontraram 1.246 pessoas em situações análogas as de escravo no país, o que representa um aumento de 93% do que o ano passado, quando foram localizadas 645 pessoas.

Segundo o Ministério do Trabalho, Minas Gerais foi o estado em que foi encontrado o maior número de trabalhadores em situação análoga à escravidão (754), seguido do Pará (129) e Mato Grosso (128). As três atividades que mais registraram casos de trabalho escravo foram a criação de bovinos, o cultivo de café e a produção florestal (plantio de florestas).

Durante as operações, realizadas em 159 estabelecimentos, foram formalizados 651 trabalhadores, emitidas 601 guias de seguro-desemprego e pago R$ 1,7 milhão em verbas rescisórias aos resgatados. O meio urbano foi onde os fiscais mais encontraram situações de trabalhadores em situações degradantes (869); e no rural foram 377 casos registrados.

RADAR – As informações sobre o combate ao trabalho análogo constam do Radar do Trabalho Escravo, da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), uma ferramenta de consulta pública aos resultados consolidados da inspeção do trabalho no Brasil, que pode ser acessada pelo endereço https://sit.trabalho.gov.br/radar/. As denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas nas unidades do Ministério do Trabalho em todo país e também por meio do Disque Direitos Humanos (Disque 100). (P.C.)