Cotidiano

Chuvas de verão em outubro são consideradas normais

Tempestades e vendaval como o registrado em Uiramutã são característicos na transição de clima chuvoso para seco

Desde o início da semana, o roraimense tem estranhado a queda na temperatura e a ocorrência de algumas chuvas de longos períodos com ventos fortes. O costume na região é que em outubro a quantidade de água da chuva seja reduzida e se instale o calor na região, mas especialistas na área de climatologia garantem que a ocorrência é normal.

De acordo com o meteorologista Rafael Gomes, as chuvas nesse período são consideradas comuns em razão do momento de transição do tempo chuvoso ao seco. Ele explicou que a transição deve ir de agosto até dezembro configurando o período mais seco entre janeiro e março, então, é de se esperar que eventos como os dos últimos dias ocorram eventualmente. “A tendência é que as chuvas continuem ocorrendo em uma frequência cada vez menor e que as temperaturas aumentem gradativamente, mesmo com a ocorrência de eventuais tempestades”, afirmou.

O meteorologista explicou que nos períodos de transição, como o próprio nome já diz, a característica principal é de intervalos entre dias secos e chuvosos. “Uma forte ocorrência dos períodos de transição são essas chuvas fortes acompanhadas de rajadas de vento e descargas elétricas com trovoadas”, completou Gomes.

O diretor de Proteção e Defesa Civil do Corpo de Bombeiros, coronel Cleudiomar Ferreira, reforçou que o clima com característica de pancadas de chuva rápida e em alguns casos com vendaval, como ocorreu na madrugada de segunda-feira, 22, em Uiramutã, é normal.

O fenômeno acontece decorrente da onda de calor e também por conta das características da nossa região amazônida, com alta umidade. “Ainda vai acontecer esporadicamente essas pancadas de chuva porque nós temos uma região bastante úmida na Amazônia, de 75% e 80%”, afirmou.

Ferreira disse ainda que a previsão é que novas chuvas ocorram nesta quarta-feira, 24, segundo alerta do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CenSipam). No entanto, mesmo com essas novas ocorrências, a previsão é que Roraima ainda esteja no nível esperado de chuvas ou até abaixo dele.

A Defesa Civil afirmou que de 1º a 23 de outubro choveu em torno de 45 milímetros, quando a previsão era de até 80 milímetros, ou seja, o índice é menor do que o esperado. “Vale lembrar que 80 milímetros não são muita chuva, já é um período que consideramos de verão. Pode ser que as próximas chuvas previstas até o fim do mês façam com que o percentual chegue até os 60/70 milímetros”, completou.

Ferreira ressaltou ainda que uma equipe de técnicos da Defesa Civil foi deslocada para o Uiramutã para averiguar os efeitos do vendaval no município, onde os muros de uma escola caíram em uma comunidade indígena próxima à sede. Com o retorno dos agentes será possível averiguar os danos causados e elaborar um planejamento de reparo dos estragos.

Defesa Civil alerta para perigo de queimadas

Mesmo com as chuvas esparsas, a Defesa Civil Estadual alerta para o perigo de estiagem e queimadas em Roraima. Segundo Ferreira, as previsões para o período são que a partir do mês de novembro aumente o risco de incêndios principalmente na região noroeste e norte do Estado.

“O que preocupa a Defesa Civil é que nós já estamos na vigência do fenômeno El Niño. Já é uma realidade e os efeitos podem tomar forma a partir de dezembro, já com previsão de estiagem. Então, a população deve se preparar e evitar criar incêndios acidentais ou propositais, como atear fogo no lixo ou em mato seco”, reforçou Cleudiomar. (P.C.)