Grávida do segundo filho, Diane Kelly Loureiro estava passando por uma gestação de risco. Desde o começo, por conta de problemas na placenta, a dona de casa de 32 anos foi alertada que a única possibilidade de fazer o parto era por meio de uma cesárea. Entretanto, de acordo com a família, a mulher foi submetida a um parto normal contra a própria vontade e morreu na semana passada no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth.
Familiares garantem que houve erro por parte da equipe de plantão que estava na unidade hospitalar no dia, já que durante todo o acompanhamento médico feito na gravidez os riscos foram avisados, que não teria a possibilidade de um parto normal. Conforme o pai da mulher em entrevista à Folha, os médicos e enfermeiros aplicaram uma injeção que induzia o parto normal e foi onde o problema aconteceu.
Para o servidor público, Luiz Loureiro, a filha passou por um procedimento que era invasivo e também proibido, já que o uso da injeção já foi condenado por especialistas. “Ela deu entrada na maternidade por volta das 17h e não deixaram nem o esposo e a mãe dela acompanharem o parto. Às 21h ela veio a óbito”, relembrou.
O pai da mulher contou também que o corpo da filha foi transferido de madrugada para o necrotério do Hospital Geral de Roraima (HGR) sem qualquer aviso para a família, que teve conhecimento do ocorrido às 11h do dia seguinte. A família tem procurado medidas judiciais e já formalizou uma denúncia no 3º Distrito Policial.
“Não culpo tanto o Governo [do Estado] pelo que aconteceu, acho que foi erro médico. Tem gente boa, mas a maioria se forma pensando em dinheiro e não honra o juramento que faz. Era bom fazer um seletivo para saber quem realmente está capacitado”, desabafou. O servidor público completou informando que soube de outros casos de descasos com grávidas dentro da maternidade que passaram por erro médico.
A família recebeu a orientação da advogada em não procurar o Ministério Público de Roraima (MPRR) para formalizar outra denúncia, por enquanto, vai aguardar o andamento das investigações para tomar outras medidas.
Sesau alega que paciente passou por parto cesáreo
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que, ao dar entrada no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth, a paciente foi avaliada pela equipe médica e, com base nessa avaliação, ela passou por um parto cesáreo. O bebê nasceu em boas condições de saúde, porém a mulher apresentou complicações durante o parto.
“Toda a equipe médica de plantão esteve empenhada para contornar a situação da paciente e salvar a vida dela. Foram seguidos todos os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde (MS) e pela literatura médica, porém não foi possível reverter o quadro clínico da paciente, e ela veio a óbito na madrugada”, prosseguiu a nota.
Ressaltou que a própria equipe médica que participou da cirurgia tentou contato com os familiares da paciente na Unidade de Saúde, mas eles não foram encontrados no momento. Reforçou que a direção da Maternidade está à disposição da família para esclarecimentos mais detalhados a respeito do ocorrido.
Finalizou informando ainda que a competência técnica para julgar erro médico é do conselho de classe, ou seja, o Conselho Regional de Medicina (CRM) que é o órgão responsável por apurar a conduta do profissional, e caso comprovada a culpabilidade, aplicar as penalidades que o caso requer. (A.P.L)