Cotidiano

Servidores começam a ser pagos

Salários serão pagos com recursos arrecadados do ICMS e não há calendário de pagamento estabelecido

Servidores públicos estaduais começaram a receber seus salários ontem, 24. A dívida está sendo quitada com os recursos arrecadados diariamente do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A informação foi confirmada durante reunião entre uma comissão de servidores e sindicalistas junto à Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz).

De acordo com o diretor administrativo do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Estado de Roraima (Sintraima), Antônio Leal, a reunião serviu para demonstrar que a prioridade do Governo do Estado é o pagamento de servidores efetivados. Entretanto, não existe uma ordem pré-definida de quais serão as secretarias que receberão nos próximos dias, uma vez que só se tem acesso ao que é arrecadado às 12h30, para que o pagamento seja feito de tarde.

“O que foi determinado é que, o que for entrando de impostos, por meio do ICMS, será para pagar os servidores. Isso irá ocorrer de acordo com a folha de pagamento de cada secretaria. Não se possui uma ordem específica de quem receberá primeiro, é de acordo com quais secretarias poderão ser pagas em um montante diário”, explicou.

O diálogo só foi possível após nova mobilização de servidores que ocorreu na manhã de ontem, 24, que contou com participação de servidores do quadro geral e familiares de policiais e bombeiros militares, que também estão sem receber e não podem participar de greves.

“Nós mantemos a nossa posição de permanecer em estado de paralisação até que haja o pagamento de todos os servidores, incluindo aqueles que estão com mais de um mês de atraso. Esse é o caso do Iteraima (Instituto de Terras e Colonização de Roraima), na qual os funcionários estão sem receber salários referentes há dois meses, e da Cerr (Companhia Energética de Roraima), em que servidores não são pagos há mais de 100 dias. Um prazo flutuante que nos foi dado é de algo próximo de 40 dias para a quitação de tudo”, frisou Antônio Leal.

Além da reunião na Sefaz, outra ocorreu na Assembleia Legislativa de Roraima após manifestantes ocuparem novamente o plenário pedindo pelo pagamento de salários. Uma comissão de manifestantes se reuniu com o presidente da Casa, deputado Jalser Renier (SD), que relatou que o pedido de intervenção federal será repassado para a Presidência da República, após o período eleitoral.

Em nota, a Sefaz esclareceu que o salário referente ao mês de setembro dos servidores efetivos da Educação, Saúde, Casa Militar, Controladoria, Comissão Permanente de Licitação (CPL), Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), Ouvidoria, Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Sefaz, Secretaria de Gestão Estratégica e Administração (Segad), Secretaria do Índio (SEI), Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), Secretaria de Planejamento (Seplan), Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e Secretaria Estadual de Articulação Municipal já foi pago. Até o momento a Polícia Civil, não recebeu. (P.B)

Familiares de PMs e bombeiros fazem manifestação

Filhos de militares participaram do protesto (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Além dos servidores estaduais, a manifestação ganhou apoio ontem de familiares de policiais e bombeiros militares, que também cobram o pagamento dos salários atrasados pelos militares, que são impedidos por lei de aderirem à greve. A concentração aconteceu em frente ao Palácio Senador Hélio Campos e, em seguida, na Assembleia Legislativa.

Uma das idealizadoras do ato é Jeane Lopes, de 37 anos, que comentou que a realidade dos policiais militares está difícil. “Nos últimos meses, os PMs vinham recebendo pagamentos no dia 10. O que já é errado, pois pagamento é até o quinto dia útil. Mas neste momento já faz duas semanas que todos nós aqui estamos passando por enorme sufoco em casa por causa disso. Muitas de nós somos do lar e temos os maridos como principal provedor financeiro. Estamos todas racionando alimento e gasolina, e não sabemos quanto tempo iremos aguentar”, afirmou.

Muitas das mulheres de policiais e bombeiros não puderam comparecer ao ato com medo de represálias. Entretanto, Jeane contou que parentes de militares possuem o direito de protestarem por eles, e por isso é justo participar da luta pelos salários.

“A voz deles somos nós. Já vimos aqui uns carros oficiais passarem por nós tirando foto. Os nossos maridos não podem abandonar o serviço deles, mas nós podemos vir aqui e reivindicar que o salário seja pago da forma adequada. Muitas aqui estão com medo de repreensões, mas os policiais e bombeiros militares estão pedindo socorro, e precisamos divulgar isso”, afirmou.

Terceirizados do transporte escolar fazem manifestação hoje

Ao longo desta quarta-feira, 24, veículos escolares começaram a se agrupar na Praça do Centro Cívico. Essa é a mobilização de outra classe que também está indignada com a falta de pagamentos: os terceirizados do ramo de transportes escolares.

A ideia da categoria é que até a manhã desta quinta-feira, 25, haja uma quantia aproximada de 200 veículos do tipo no Centro Cívico, de forma que fiquem enfileirados de frente para a Assembleia Legislativa de Roraima. Segundo o porta-voz da classe e presidente da Cooperativa de Transportadores Escolares de Roraima (Copter-RR), Márcio André, que atua no Uiramutã e na Capital, a maior parte dos serviços do tipo no interior já está paralisada por falta de combustível e reparos, como troca de óleo.

“Boa parte de nós vem vivendo de diversas formas. Venda de terrenos, casa, empréstimos, ajuda de parentes… A grande parte de nós está vivendo de empréstimos que já não conseguimos mais sustentar. Por isso, a ideia é ficarmos parados até que o pagamento de todos os meses esteja em conta”, contou. (P.B)