O Congresso da Espanha aprovou nesta quarta-feira (11) uma proposta da oposição que reconhece o ex-candidato antichavista Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela. A medida foi liderada pelo Partido Popular (PP), que contou com o apoio de 177 votos da direita e de grupos nacionalistas, incluindo os bascos, tradicionalmente aliados dos socialistas. O bloco progressista, que apoia o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez, ficou em minoria.
A proposta aprovada, embora não tenha valor jurídico, representa um movimento simbólico significativo. Além de reconhecer González Urrutia como presidente, o texto pede o fim da repressão aos protestos na Venezuela, a libertação de presos políticos, e sugere que a Espanha lidere o reconhecimento do opositor nas instituições europeias. A intenção é que González Urrutia tome posse em 10 de janeiro de 2025.
Durante o debate no Congresso, que se estendeu por horas, a direita acusou o governo de Sánchez de não apoiar González Urrutia para favorecer o presidente Nicolás Maduro. Em frente ao Parlamento espanhol, centenas de venezuelanos se manifestaram pedindo o reconhecimento do candidato opositor.
O primeiro-ministro Pedro Sánchez, ausente do debate por estar em viagem oficial à China, afirmou que a Espanha, neste momento, não reconhecerá González Urrutia como presidente eleito. No entanto, o governo espanhol se compromete a trabalhar pela unidade dentro da União Europeia para mediar uma solução até o fim do ano. Segundo Sánchez, “o asilo ao líder antichavista não deixa de ser um gesto de humanidade, de compromisso humanitário da sociedade espanhola e do governo para com uma pessoa que infelizmente sofre perseguição e repressão.”
O presidente espanhol também destacou que seu governo não reconheceu a vitória de Maduro e pediu a publicação das atas eleitorais de Caracas, um ponto exigido pela comunidade internacional e que a oposição venezuelana afirma comprovar a vitória de González Urrutia.
A decisão do Parlamento espanhol gerou uma reação imediata de Nicolás Maduro, que criticou o governo de Madri e ordenou à sua vice-presidente, Delcy Rodríguez, que mostrasse ao ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, a Ata da Independência de 1811, afirmando que a Venezuela é independente da Espanha.
Enquanto as instituições chavistas continuam a declarar Maduro como vencedor das eleições de julho, sem divulgar os registros eleitorais solicitados, González Urrutia, exilado na Espanha, pediu à comunidade internacional que reforce seu compromisso com a democracia venezuelana. “Prometo lutar até o fim”, afirmou o opositor em uma mensagem lida por sua filha em Madri.
O prazo para a negociação de uma solução para a crise na Venezuela se encerra no final do ano, com a posse do próximo presidente marcada para janeiro de 2025.