Cotidiano

Governo promete pagamento de servidores para terça-feira

A Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) assegurou que irá pagar os salários atrasados de todos os servidores na próxima terça-feira, 30, por meio do repasse de Fundo de Participação dos Estados (FPE), que será recebido no dia. A decisão veio após reunião feita entre o secretário da Fazenda, Enoque Rosas, membros da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de Roraima (Adepol-RR) e do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol).

Até então, o Governo vinha realizando pagamentos sem uma ordem definida, quitando a dívida de acordo com o valor arrecadado pelo Estado diariamente.

De acordo com o presidente do Sindpol, Leandro Almeida, a reunião foi produtiva para toda a categoria de servidores e foi necessária para acabar com todo o clima de incertezas que rondavam o Governo nos últimos dias. “O que nos foi repassado é que o pagamento sairia na próxima terça. A Polícia Civil presta um trabalho fundamental e não podíamos ficar sem expectativa de um pagamento. Por isso, precisávamos de um prazo. E nos foi dado. Aguardamos para ver o que ocorre”, comentou.

Policiais civis impedem plantão no 5º DP

Na noite de quarta-feira, 24, cerca de 150 servidores da Polícia Civil se concentraram na entrada da Central de Flagrantes no 5° Distrito Policial (DP), no Distrito Industrial, impedindo o plantão das 20h até a meia-noite de ontem, 25.

Durante as quatro horas em que o bloqueio aconteceu, dois homens presos em flagrantes não tiveram como ser conduzidos ao local. Por isso, em nota, o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) afirmou que recebeu os Relatórios de Ocorrência Policial (ROPs), devido ao risco de liberação. Os presos foram conduzidos inicialmente à Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) e, durante a madrugada, foram transferidos para o 5º DP.

De acordo com a secretária-geral do Sindpol, Kelly da Silva, o ato foi necessário para continuar pressionando o Governo do Estado, uma vez que não consegue mais conciliar o pagamento do plano de saúde e a alimentação. “Eu tenho um problema sério de saúde, e pago plano para conseguir me tratar. Nos últimos dias, tive que escolher entre o plano de saúde e comida. Acabei escolhendo o tratamento. Pelo menos, se eu ficar com fome, tem comida no hospital”, comentou.

Policiais pagam para trabalhar

Nos Distritos Policiais (DPs) de Boa Vista, servidores são praticamente obrigados a pagar se querem trabalhar dentro das mínimas condições possíveis. Isso se deve às falhas que são observadas nos prédios, como quedas no sistema de registro de Boletins de Ocorrência (BOs), falta d’água e de produtos de limpeza, além de insumos básicos para a preservação de um ambiente salubre e higiênico.

Dentre as falhas registradas e fotografadas pela equipe de reportagem, aquelas que podem ser caracterizadas como mais graves dizem respeito ao prédio do 3° e 4° DPs, inaugurado em julho do ano passado. Matérias sobre a falta d’água no prédio são publicadas pela Folha desde outubro de 2017. Ontem, o sistema de registro de Boletins de Ocorrência ficou fora do ar.

Até hoje as faltas de material de limpeza são constantes e duram mais de uma semana, como contou uma funcionária do prédio, de forma anônima: “Passei no supermercado antes de vir para cá. Comprei água sanitária e sabão em pó. Fazemos cotas para a compra de quase tudo aqui, incluindo café e alimentos. Isso sempre foi um problema para nós, pois os materiais sempre chegavam de forma escassa. Mas nos últimos meses, eles sequer chegam”.

A mesma funcionária também relatou outro problema: o ar-condicionado não está ventilando há pelo menos duas semanas. A princípio, pode parecer um problema pequeno, mas somada a falta d’água e a falta de produtos de limpeza, pode ganhar proporções insalubres. “O ar-condicionado está somente ventilando há uma semana em todo o prédio. Agora imagina a soma disso com a falta d’água, que entope as privadas, e a falta de materiais de limpeza. Isso tudo resulta em um lugar com cheiro intragável. Se nós não cooperamos com a limpeza, é isso que acontece”, explicou.

No 5°DP, as condições não chegam a ser tão precárias, mas ainda há dificuldades que atrapalham atividades essenciais dos policiais, como quedas constantes da internet, que podem durar horas, e falta de combustíveis em viaturas.

“A nossa internet é bastante frágil. O sistema de registro de B.O.s ficou sem funcionar na semana passada. E vivemos nessas interferências constantemente. Também falta outra coisa: gasolina. São inúmeros os casos de policiais que não puderam ir para lugares pela cidade por falta de combustível”, revelou um funcionário do 5°DP.

OUTRO LADO – A Delegacia-Geral de Polícia Civil informou que o fornecimento de combustível das viaturas está garantido por meio de ação ajuizada, na qual foi concedida liminar para a garantia do serviço policial e o abastecimento tem sido realizado normalmente. “Uma ação favorável, por meio de liminar, garante ao governo garante como prioridade o pagamento de servidor, o que impede pagamento de fornecedor”, complementou. (P.B)