Polícia

Polícia registra 5º caso de corpo desovado com sinais de execução

Testemunha diz que vigilante estava com três homens na praia do Cauamé, os quais foram vistos com a picape da vítima em Bonfim

Dois índios encontraram, no início da tarde de ontem, o corpo do vigilante Joelison das Chagas Silva, 30 anos, desaparecido há três dias. Esse é o quinto caso neste ano de pessoas mortas e o corpo desovado com sinais de execução. O cadáver estava em uma trilha ao lado esquerdo da ponte do rio Cauamé, zona Norte da Capital. A Polícia Militar isolou a área até a chegada dos peritos do Instituto de Criminalística e dos agentes da Delegacia-Geral de Homicídios (DGH).
O corpo, só de cueca, estava com os pés e mãos amarrados com fita gomada. A polícia não descarta uma possível execução. No pescoço da vítima havia um fio. O homem morreu há pouco tempo, pois o corpo ainda não estava em decomposição nem exalava forte odor. Em análise preliminar, os peritos perceberam que havia sinais de espancamento pelo corpo da vítima. Os traumas, segundo os policiais, podem indicar que o homem apanhou muito antes de morrer. O rosto estava desfigurado e a cabeça com vários hematomas.
O irmão da vítima, o faturista Janderson das Chagas Silva, de 32 anos, disse à Folha, na noite de ontem, na porta do Instituto Médico Legal (IML), que a dona de um bar, no balneário do Cauamé, havia informado que o vigilante foi até ela pedir uma pá emprestada, na segunda-feira passada, para desatolar uma picape na areia do rio.
Ainda segundo a testemunha, três homens estavam com o rapaz. “Esses três homens foram vistos depois em Bonfim, no carro de meu irmão. Acredito que atravessaram a fronteira”, comentou Janderson ao complementar que o vigilante não tinha desavenças nem devia ninguém.
O corpo foi removido ontem à tarde ao IML, onde passou por exame de necrópsia. Até o encerramento da matéria, às 18h40, os médicos ainda não haviam informado a causa da morte. Agentes da DGH investigam.
Vigilante estava desaparecido desde o meio-dia de sábado
A família de Joelison das Chagas Silva havia procurado a Folha, ontem pela manhã, e pediu ajuda para encontrar o vigilante, que estava desaparecido há três dias. Quando saiu de sua casa, no bairro Caimbé, zona Oeste, por volta do meio-dia do sábado passado, ele disse que iria a uma manifestação dos funcionários da empresa onde ele trabalhava para cobrar o pagamento de salários atrasados.
“Ele saiu de casa com a camisa de farda da empresa no ombro. Falei com o pessoal da empresa, mas disseram que não houve manifestação”, disse a esposa do vigilante, Gorete Gomes do Nascimento.
No dia em que desapareceu, Joelison dirigia um carro Frontier na cor preta, placa NAR-5668. O veículo também está desaparecido. “Recebi a ligação de uma mulher do Bonfim dizendo que o veículo estava sendo vendido lá. Fui até a região, mas não encontrei”, disse.
Casos de execução ainda são mistério para polícia
O caso do vigilante é o quinto corpo desovado em Roraima apenas este ano, todos com sinais de execução. No dia 8 de janeiro, pescadores encontraram o corpo de um jovem amarrado e desovado na praia da Polar, no bairro Paraviana, zona Norte. No dia 12 do mesmo mês, outro corpo, de uma mulher, foi encontrado boiando no igarapé Caxangá, no bairro São Vicente, zona Sul da Capital.
No dia 20 de janeiro, um casal de idosos também se deparou com um corpo boiando no Rio Branco, com as mãos amarradas, na região da Serra Grande, no Município do Cantá, a 30 quilômetros da Capital pela BR-401, região Centro-Leste do Estado.
No dia 26 do mesmo mês, outro crime com sinais de execução. Ribeirinhos de Caracaraí, a 155 quilômetros da Capital pela BR-174, Centro-Sul, também encontraram o corpo de uma mulher suspeita de ter envolvimento com o tráfico de drogas. A vítima foi escalpelada antes de ser morta. Ela estava com uma corda no pescoço. Até o momento, ninguém foi preso. (AJ)