O Corpo de Bombeiros de Roraima (CBMRR) escalou dez militares para atuar, inicialmente por 30 dias, no combate aos incêndios florestais no Estado do Amazonas, um dos mais afetados pelos efeitos da estiagem no Brasil em 2024. Entre eles, está a soldado Maria Adelaide, 39, a única mulher no grupo.
Há seis anos na corporação, Adelaide é especializada no combate a incêndios florestais e atuou no enfrentamento a queimadas ocorridas em Roraima no severo período seco passado, responsáveis por consumir aproximadamente 500 mil hectares do território roraimense.
A Missão Amazonas será o primeiro trabalho dela fora do Estado na função de bombeiro. “A gente fica feliz pela responsabilidade, porque a gente sabe da necessidade, a gente tem a expertise, conhecimento dos perigos que as queimadas ocasionam ao meio ambiente”, disse. “A gente percebeu a importância de nós roraimenses levarmos o nosso conhecimento, estarmos juntos com outros companheiros, colegas de Corpo de Bombeiros de outros estados, para atuar em prol da Amazônia”.
A apreensão pessoal fica por conta das missões particulares que deixará em Boa Vista: o cuidado da filha de 12 anos, e de seu irmão de 60 anos, diagnosticado com retardo mental. “São dois seres humanos que vão ficar com o pedaço do meu coração aqui. Eu acredito que todos os demais tenham seus familiares deixados aqui com coraçãozinho apertado. E a gente não é diferente, não posso deixar de ir pra uma missão simplesmente pelo fato de ser mãe, muito pelo contrário, a gente tem que se firmar como mulher, mãe, profissional independente”, avaliou.
A missão
Maria Adelaide e outros nove bombeiros, incluindo o capitão Claudio Coêlho, 48, chefe da missão, embarcam nesta quinta-feira (19) para Manaus. A equipe vai com duas picapes equipadas com kit de combate a incêndios e uma van. Lá, eles vão ficar no quartel do Comando-Geral do Corpo de Bombeiros do Amazonas na espera para serem escalados para combater missões nos municípios.
Em agosto, o Amazonas decretou situação de emergência em suas 62 cidades por causa dos focos de incêndio e das fumaças que encobrem o Estado. Só no mês passado, a unidade federativa registrou mais de 10,3 mil focos, ocupando o terceiro lugar nesse ranking, ficando atrás apenas de Pará e Mato Grosso. Só nos 19 dias de setembro, já são 5 mil registros. As informações são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
“Sabemos que o cenário lá é devastador”, pontuou Coêlho. “Hoje o foco principal é o Amazonas, mas sabemos que, daqui a poucos meses, poucos dias, o Estado de Roraima também vai sofrer com a temperatura e, provavelmente, com incêndios e temos que estar atentos a isso também […]. Estamos honrados em participar dessa missão”, completou o capitão.
“Isso é importante para o Corpo de Bombeiros, tendo em vista que somos capacitados a trabalhar em qualquer lugar do Brasil […]. Estamos indo com toda autossuficiência para atuar no Estado do Amazonas”, explicou o subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Gewrly Batista.