Ansiedade e depressão não discriminam idade, gênero ou classe social. Elas são as duas maiores crises de saúde mental do século XXI, que podem afetar qualquer pessoa em qualquer lugar. Para entender mais sobre os sintomas e tratamentos, a FolhaBV conversou com a psicóloga, Elaine Brito, de 45 anos, sobre as doenças psicológicas.
Os dados sobre saúde mental são preocupantes, pois o Brasil, lidera o ranking de casos de ansiedade na América Latina e ocupa a segunda posição em relação à depressão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade afeta 18 milhões de brasileiros.
“Sentir aquele frio na barriga antes de uma apresentação da escola ou perceber as mãos transpirando em uma entrevista de emprego podem ser reações comuns e até mesmos consideradas normais diante de determinadas situações. A ansiedade é um transtorno mental caracterizado por distúrbios comportamentais associados ao medo ou preocupação extrema e irracional. É uma condição que interfere diretamente nas atividades diárias, chegando a provocar incapacidades funcionais. Em resumo, são excessos de pensamentos e reações inexplicáveis”, explicou Elaine.
Sintomas comuns da ansiedade
São inquietação, falta de ar, nervosismo, aceleração do coração, roxo no corpo, pressão no peito, insônia, falta ou excesso de apetite, queda de cabelo, entre vários outros sintomas.
“O nosso corpo fala, a ansiedade não, mas dar sinais que está ali e é muito importante está atento aos sinais para procurar ajuda.”, destacou a especialista.
A ansiedade pode gerar outros problemas de saúde como gastrite, obesidade, hipertensão, diabetes e até mesmo câncer.
“Não é a ansiedade em si que causa esses outros problemas, mas é o que a pessoa faz quando está ansiosa. Se a pessoa é do tipo que come compulsivamente, ela pode desencadear uma obesidade e diabetes. É um problema que vai gerando outros e em casos severos, até mesmo um câncer”, contou.
Técnicas que podem ajudar a controlar a ansiedade
Colocar gelo na mão, fazer repetição de respiração profunda, caminhar descalça na areia, grama, andar de bicicleta, academia, andar de bicicleta, tomar um banho, são algumas técnicas de autoajuda.
“Qualquer atividade física é valida para ajudar a esvaziar a mente da pessoa ansiosa. Artesanato, pinturas, ouvir música, assistir filme, ler um livro, por exemplo, são ótimas opções também para tirar o foco do problema e focar em outras coisas”, pontuou Elaine.
Mas é necessário que o paciente faça acompanhamento com o psicólogo e se necessário com o psiquiatra.
“Nesses casos, é necessário que o paciente faça terapia junto ao psicólogo e se necessário, também com o psiquiatra que entra com a medicação. Esses dois profissionais ajudarão a tratar o problema”, explicou.
Causas comuns da ansiedade
Conforme Elaine, relacionamentos abusivos, problemáticos, falta de emprego, frustrações, discussões familiares podem ser algumas das causas que podem desencadear a ansiedade.
Afinal, ansiedade tem cura?
Elaine afirmou que a ansiedade tem cura, mas para que isso ocorra é necessário que o paciente queira ser curado e faça o tratamento adequado. Além disso, o apoio da família é essencial para a eficácia do tratamento.
“Antes de tudo é necessário que o paciente entenda que está passando por um problema psicológico e precisa de ajuda. Quando iniciar o tratamento, faça o acompanhamento com o psicológico e psiquiatra, que esse combinado é essencial para um resultado completo. O apoio e compreensão da família é muito importante para ajudar esse paciente”, explicou.
Uma ansiedade não tratada pode desencadear uma depressão, que se não for tratada pode culminar com um suicídio.
Depressão
A depressão é caracterizada por uma tristeza profunda, falta de ânimo, procrastinação, isolamento, falta de apetite, alteração do sono, pessimismo, baixa autoestima, entre outros sintomas, até o interrompimento da vida.
O que pode desencadear a depressão
Sensação de rejeição, bullying, histórico familiar, traumas psicológicos, ansiedade, estresse crônico, são alguns fatores que podem desencadear a doença.
Assim como a ansiedade, as técnicas de autoajuda são praticamente as mesmas e podem ajudar a melhorar os sintomas, mas é necessário o acompanhamento com o psicólogo e psiquiatra.
“Além das dicas que já falamos, é importante que haja uma mudança na rotina isso é essencial também. Por exemplo, todo dia a pessoa faz um mesmo percurso ao ir ao trabalho, que tal um dia mudar a rota? Fazer alguma coisa diferente para mudar esse ciclo de mesmice”, comentou.
Qual momento procurar ajuda?
Elaine explicou que a família pode ser uma grande aliada no tratamento do paciente e pode ajudar a diagnosticar que tem algo de errado.
“A partir do momento que algum familiar perceber que tem algo de diferente, como a pessoa não querer mais participar dos eventos em família, não sair mais do quarto ou começar conflitos em casa é hora de procurar ajuda. Não é forçar o paciente, mas incentivar e fazer isso de forma compreensiva e acolhedora”, destacou a psicóloga.
A psicóloga finalizou enfatizando sobre o cuidado com a saúde mental não só em setembro, mas em todos os meses do ano.
“Busquem ajuda, não tenham medo de procurar um tratamento, autoconhecimento é tudo e principalmente, valorizem a vida”, finalizou Elaine.