A vacina oral contra a poliomielite, conhecida como “gotinha”, será substituída por uma dose injetável no Brasil até o dia 4 de novembro. A mudança, anunciada pelo Ministério da Saúde, faz parte de uma estratégia para tornar o esquema vacinal mais seguro e eficaz.
Com a substituição, o país passará a utilizar exclusivamente a vacina inativada poliomielite (VIP) em todas as fases da imunização, eliminando o uso da vacina oral bivalente (VOPb), que vinha sendo aplicada como reforço. Em Roraima, a cobertura vacinal da VIP já atingiu 79,41% em 2024, superando os 72,40% de 2023.
Atualmente, o esquema vacinal contra a poliomielite inclui três doses da VIP, administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da “gotinha” aos 15 meses e 4 anos. A partir de novembro, o novo esquema será simplificado: a criança receberá uma dose de reforço da VIP aos 15 meses, em vez das duas doses da vacina oral.
De acordo com o Ministério da Saúde, a decisão foi amplamente discutida em uma reunião da Câmara Técnica Assessora em Imunizações (CTAI) e aprovada com a participação de especialistas, representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O objetivo da mudança é garantir mais segurança e alinhar o Brasil às práticas internacionais, como já acontece em países da Europa e nos Estados Unidos.
O Brasil está há 34 anos sem registrar casos de poliomielite, e a substituição da vacina oral pela injetável é mais um passo para manter o país livre da doença. Desde 1977, a VOPb desempenhou um papel fundamental no combate à poliomielite, mas as autoridades de saúde acreditam que o uso da VIP traz benefícios adicionais, principalmente ao eliminar o risco, ainda que mínimo, de poliomielite derivada da vacina.
O Ministério da Saúde já enviou orientações aos estados para que organizem a retirada da “gotinha” e façam a transição para o uso exclusivo da VIP.
E o zé gotinha, continua?
O Ministério da Saúde informou que o Zé Gotinha, criado nos anos 1980 como símbolo da luta contra a poliomielite, continuará a desempenhar um papel importante na promoção da imunização, incluindo a prevenção de outras doenças como o sarampo. Recentemente, o personagem foi premiado na categoria Brand Persona do iBest 2024, reconhecendo sua contribuição na educação sobre vacinas e no combate às fake news.
Em 2023, campanhas mobilizadas pelo Zé Gotinha resultaram em um aumento na cobertura vacinal de 13 dos 16 principais imunizantes do calendário infantil, conforme informou o órgão.