Cotidiano

Novo governo vai assumir dezenas de obras inacabadas

Somente na Capital, ainda falta a conclusão de prédios para os setores da saúde, sistema prisional, segurança pública, esporte, cultura, lazer e serviços essenciais, entre outros

Passado o período eleitoral, o governador eleito Antonio Denarium (PSL) já deve se preparar para assumir a gestão no dia 1º de janeiro de 2019. Um dos problemas que precisará enfrentar é a paralisação de obras em diversas áreas, como segurança pública, saúde, sistema prisional, esporte, cultura e lazer. A reportagem da Folha fez um levantamento sobre as obras paralisadas na capital e no interior.

Em Boa Vista, na área central da cidade, o serviço de construção do Bloco E do Hospital Geral de Roraima (HGR) abrange o planejamento de um espaço para unidade de terapia intensiva (UTI), internação e centro cirúrgico que parece ser o mais adiantado. Com a obra iniciada em maio de 2014 e prevista para ser entregue em janeiro de 2019, o valor do investimento foi de R$ 29 milhões inicialmente, mas agora a quantia já foi corrigida para R$ 33 milhões.

A construção da Unidade de Radioterapia de Roraima, que compreende a Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), teve o seu pontapé inicial no segundo semestre deste ano e também está em andamento com previsão de entrega para agosto do ano que vem. O investimento foi de R$ 7 milhões do Ministério da Saúde.

A revitalização e ampliação das instalações da Unacon, previstas para utilizar o convênio de R$ 2 milhões aprovado em 2016 e oriundo de emenda parlamentar, no entanto, ainda não foi continuado. Na visita da reportagem, os locais foram alguns dos poucos, juntos com as obras do sistema prisional, onde era possível observar movimentação de funcionários dando andamento à obra.

Obra no CSE está praticamente concluída

As principais obras para as unidades prisionais de Roraima são as de reforma da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), a criação de um novo presídio de segurança máxima em Boa Vista e o seguimento das obras da unidade em Rorainópolis.

Outras são a entrega do prédio revitalizado do Centro Socioeducativo (CSE), parcialmente destruído depois de uma rebelião de adolescentes internos, e da Casa do Albergado, que sofreu abalo estrutural após um incêndio em 2016.

Destas, a única obra que está praticamente concluída é a voltada para menores infratores, com as demais em andamento. A da Pamc, suspensa após bloqueio dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), foi retomada após um acordo firmado entre os poderes e está prevista para ser retomada em 30 dias.

A construção da nova unidade está em andamento desde junho deste ano e prevista para ser entregue no fim do ano que vem, com um investimento superior aos R$ 16 milhões. A da Cadeia de Rorainópolis, após quase 12 anos sem movimentação, também foi retomada no ano passado graças à ação dos Ministérios Públicos Estadual e Federal. A única que se mantém paralisada totalmente é a Casa do Albergado, sem previsão de ser retomada.

População aguarda construção de delegacias

Obra do 1º DP foi anunciada em 2013 (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Quem passa na Rua Pedro Rodrigues já está acostumado com a obra de construção no terreno que abrigou a antiga Delegacia de Defesa da Mulher. A obra, anunciada em 2013, teve um investimento superior a R$ 1,6 milhão para a construção do 1º Distrito Policial. Atualmente, o local é utilizado como ponto de consumo de entorpecentes.

Outra unidade com obra paralisada é a Delegacia de Polícia de Caracaraí. Alvo de uma ação do MP em 2015, as obras estavam em andamento no processo de licitação e com previsão de entrega para 2018, porém, o município ainda não foi beneficiado.

SEGURANÇA PÚBLICA – A unidade do Instituto Médico Legal de Roraima também já foi alvo de dezenas de reclamações. Recentemente, devido a uma forte chuva, o muro da unidade caiu. Orçada em R$ 940 mil, a reforma começou no ano passado e foi anunciada para ser entregue em dezembro de 2017, mas foi suspensa por falta de recursos.

Parte da iniciativa ‘Mulher Sem Violência’ do Governo Federal, a Casa da Mulher Brasileira recebeu o investimento de R$ 9 milhões. O prédio começou a ser construído em 2014, com as obras concluídas em dezembro do ano passado. No entanto, por falta de mobília, a unidade ainda não foi inaugurada.

Unidades voltadas para ensino superior e esporte estão abandonadas

A obra de construção da nova reitoria da Universidade Estadual de Roraima (Uerr) iniciou em 2014, em um anexo ao campus Boa Vista. A obra teve investimento de R$ 4,8 milhões e estava prevista para ser entregue em um ano, porém, agora está praticamente coberta por mato. Nem a placa de identificação há mais.

Próximo dali está a obra do Estádio Canarinho, também abandonada e servindo como espaço para criação de mato, com revitalização em andamento há seis anos. A obra foi orçada inicialmente em R$ 257 milhões, mas teve seu valor reduzido para R$ 99 milhões depois de protesto do MPF por conta do alto valor. Em julho deste ano, o Governo do Estado informou que a previsão de entrega era para dezembro.

Obra do Estádio Canarinho está abandonada e serve como espaço para criação de mato. Em julho deste ano, Governo informou que previsão de entrega era para dezembro (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Lazer do roraimense é comprometido com demora

Oriunda de emenda parlamentar no valor de R$ 14 milhões, a obra do Parque Anauá foi dividida em duas etapas e voltada para oferecer quadras esportivas, de atletismo e ciclismo e espaço de alimentação, entre outros atrativos.

No momento, somente uma das etapas andou e a outra encontra-se praticamente abandonada. A equipe da Folha esteve no local e percebeu que a mureta de segurança estava aberta, sem nenhum funcionário à vista.

Já o Clube do Trabalhador, onde deveria ser construída a nova sede do programa Rede Cidadania Juventude, também está sem movimentação alguma. Orçada no valor de R$ 1,9 milhão, a obra parada estava sendo utilizada como ponto de venda e consumo de drogas e assustando moradores.

Orçada em R$ 1,9 milhão, obra da Rede Cidadania Juventude, da Setrabes, estava parada e sendo utilizada como ponto de venda e consumo de drogas, assustando moradores (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Caixa d’água do Cidade Satélite já virou ‘ponto turístico’

Na zona oeste, uma das obras que mais chama atenção é a de complementação do sistema de abastecimento de água, mais conhecida como ‘caixa d’água’ do Cidade Satélite. A estrutura – que remete à Torre de Pisa, na Itália, por conta da sua curvatura – está em andamento há cinco anos.

Iniciada em 2013 com o investimento de R$ 1,8 milhão e prazo de entrega em quatro meses, a obra foi paralisada por suposto abandono da empresa responsável pelo serviço e desde então serve como referência para encontrar o bairro.

RESPOSTA – Sobre a paralisação de diversas obras, o Governo do Estado se pronunciou por meio de nota, que você pode conferir aqui.