Cotidiano

Pragas quarentenárias podem causar perdas econômicas

Há um ano, pesquisa da Embrapa procura entender como as pragas entram em diversos locais e como podem ser evitadas dentro das regiões agrícolas

Desde o ano passado, grupos de pesquisadores buscam identificar áreas do território nacional que são propícias para o aparecimento de pragas quarentenárias em produções agrícolas. Ontem, 30, os primeiros resultados preliminares foram debatidos em um workshop ministrado na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), junto com estudantes, técnicos e outros especialistas do tema em Roraima.

Nomeado de “Avaliação Nichos Ecológicos e Riscos Econômicos Potenciais do Ácaro-hindustânico-dos-citros e do Ácaro-vermelho-das-palmeiras no Brasil”, o estudo tem como objetivo avaliar os riscos econômicos causados por conta das pragas e identificar como são transmitidas de uma região para a outra, além de saber os municípios e Estados brasileiros que tenham tendência para a entrada desses organismos.

Segundo o coordenador do projeto, o pesquisador George Amaro, em um momento em que recursos econômicos são cada vez mais limitados, é necessário ter informações sobre como aperfeiçoar a aplicação desses recursos públicos e mostrar onde melhor seriam aplicados para causar o menor impacto para a sociedade.

O pesquisador apontou que os surgimentos das pragas que estão entrando no país causam impactos negativos nas regiões produtivas, principalmente na parte econômica do agricultor. “Essas pragas sempre afetam negativamente de diversas formas, inclusive aumentando o preço de alimentos ou porque os custos aumentaram ou porque os alimentos passaram a ser escassos”, relatou.

Amaro apontou que o projeto é de nível nacional e acompanha pragas que atacam coco, banana e citros, que são os principais produtos exportados. Em um primeiro momento, os pesquisadores ainda estão em debate para tentar validar a metodologia aplicada na pesquisa e que possa ser feito ajustes. Logo após a coleta de dados, a previsão é que outro workshop seja montado para que tenha a apresentação dos resultados junto aos produtores agrícolas. “Os produtores nunca podem ficar despreocupados, a praga é como uma doença. A gente tem que tomar ações preventivas para evitar danos”, encerrou o pesquisador.

Dentre os palestrantes, o pesquisador da Universidade Federal de Viçosa, Ricardo Siqueira, apresentou um programa de modelagem, onde realiza previsões de locais que tem adequações climáticas para a ocorrência do aparecimento de determinada espécie de praga.

Siqueira disse também que as construções desses mapas servem para evitar a entrada de pragas que ainda não são registradas no Brasil. “Geralmente a gente está trabalhando com pragas com potencial de causar perdas econômicas. Todas as pragas classificadas como quarentenárias têm uma importância muito grande, então o foco principal é para essas espécies tanto insetos, ácaros e bactérias”, completou.

Para quem trabalha diretamente com o combate de pragas quarentenárias em Roraima, as palestras ajudam a reforçar as ações que o Estado pode tomar para evitar a propagação de doenças nas produções agrícolas. As duas principais pragas que estão em alguns municípios roraimenses são a cancro cítrico e a mosca da carambola, que inibem a comercialização das frutas hospedeiras.

“O Estado fazendo o controle, fazendo a dispersão dessas pragas, consequentemente aumenta a quantidade de municípios que podem comercializar para outros lugares. Sempre é um crescimento de ter essas experiências, que têm como objetivo melhorar o conhecimento de Roraima para proporcionar uma melhor garantia para os produtores rurais de Roraima”, contou o fiscal estadual agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), Washinton Manduca.

De acordo com o fiscal, visualmente a fruta fica doente e isso gera um impacto negativo nas vendas, mesmo que não tenha nenhum problema relacionado à saúde humana. “A mosca da carambola não está em todo Estado de Roraima, apenas alguns municípios, e onde tem a mosca, há os hospedeiros que não podem sair desses municípios, não tem como vender. Só pode levar desde que seja certificado”, encerrou. (A.P.L)