A situação do Baixo Rio Branco está em alta nas últimas semanas, com a questão da venda do crédito de carbono e a proibição da pesca esportiva na região. A avaliação, no entanto, é que os ribeirinhos são as pessoas mais afetadas e não são priorizados por estas decisões políticas.
A análise é do ex-prefeito de Boa Vista, ex-deputado estadual e ex-administrador estadual na região Sul do Estado, Iradilson Sampaio, durante entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 neste domingo, 29.
Sampaio chegou à Roraima na década de 1970 e desde então vem acompanhando o desenrolar da história do Estado, visitando diversas comunidades. “Andei muito naquela região e lhe confesso que o povo ainda vive submetido ao atraso, à miséria, à exploração e ao subdesenvolvimento. São comunidades muito sofridas, muito abandonadas”, declarou.
Para Iradilson, uma das formas de solucionar esse problema é com uma união política buscando parcerias para atender as demandas que o povo do Baixo Rio Branco espera e envolver os moradores nas decisões, especialmente na exploração do turismo da região.
“O turismo, a pesca esportiva, tem que ser feita pelo pessoal da região. Se fosse explorado o turismo, esse povo não iria viver miseravelmente. Mas isso é uma decisão política. De quem são os hoteis? Quando vai ver, os ribeirinhos não estão envolvidos nisso. São os que mais sofrem. Trazem pessoas de Manaus. Tudo isso era preciso ser revisto”, completou. “É preciso trazer para a cadeia produtiva os ribeirinhos que estão lá há décadas e décadas”, acrescentou.
Com relação a venda do crédito de carbono na região, Iradilson classificou a questão como “conversa para boi dormir”. O administrador entende que há uma insegurança jurídica nos contratos firmados pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recurso Hídricos (Femarh).
“Estamos vendo o Brasil inteiro pegando fogo e quem vai investir, quem vai comprar em áreas se você não sabe que tem a menor garantia de preservação? Eu não acredito”, questionou.
Segundo Iradilson, a decisão de anular os contratos da Femarh foi a decisão correta, especialmente por conta da falta de diálogo com a população do Baixo Rio Branco. Um dos pontos levantados pelo ex-prefeito é que a comissão feita pela pela Femarh para guiar a situação da venda dos créditos de carbono era formada apenas por servidores da instituição.
“Para começar a fazer algo é preciso discutir primeiro na base. Com as pessoas que estão lá, o que pensam, o que acham, como vai funcionar, o que vão ter direito. E não fazer algo dentro de gabinete”, declarou.
Confira a entrevista na íntegra: