JESSÉ SOUZA

A hospitalidade como lição de casa para acolher bem aqueles que chegam

Jornada de Turismo 2030 realizada durante a Abav Expo 2024, em Brasília, um dos eventos que ocorreram durante a programação

Participar da maior vitrine de turismo da América Latina, a Abav Expo 2024, realizada em Brasília, pela Agência Brasileira de Agências de Viagens (Abav), é uma experiência enriquecedora em vários aspectos. Um deles é conhecer realidades diferentes das que vivenciamos em nossa região ou localidade.

E não se aprende somente nos estandes e palestras com empresários, expositores e palestrantes. Mas também vivendo um pouco a cidade onde o evento ocorre. Pegar um transporte por aplicativo em Brasília, por exemplo, pode proporcionar uma interessante visão sobre anônimos que fazem o turismo acontecer.

Ao saber que se tratava de um morador de Roraima, um motorista de aplicativo fez questão de sair de sua rota, sem cobrar nada a mais, para mostrar os principais pontos turísticos do Plano Piloto, narrando história, fatos pitorescos e até mostrando situações da política partidária – afinal, ir a Brasília sem falar de política é quase impossível.   

Um motorista de aplicativo, um taxista, um vendedor ou um morador caminhando na rua são divulgadores em potencial da cidade. Ao saber que se trata de um visitante que está hospedado no setor hoteleiro, eles falam com orgulho do que Brasília tem a oferecer, aonde ir, como se portar, o que buscar em determinados locais. São verdadeiros guias de turismo informais.

O turismo não se faz apenas entre paredes históricas, ambientes naturais ou em locais de diversão. Tudo começa com a hospitalidade, o receber bem em casa aqueles que estão de passagem, consumindo os produtos e serviços daquela cidade, ajudando a gerar emprego e renda dentro do grande mercado turístico.

Por trás da paisagem sisuda dos prédios da burocracia governamental, em Brasília, existem pessoas que fazem o turismo acontecer sem nada cobrar por isso, como se tivessem sido treinados para aquela missão. Quem estudou turismo sabe que esse é um dos papéis dos guias de turismo, que estudam para isso, para saber acolher, cuidar e conduzir.

No entanto, ter pessoas anônimas na rua e profissionais que lidam com o público como acolhedores e divulgadores é um papel importante que a população das cidades precisa ter para que os turistas sintam-se acolhidos e sintam prazer em estar ali e de voltar outras vezes.

Boa Vista é uma cidade acolhedora. Com o crescimento econômico e o inchaço populacional devido à migração em massa, criou-se um cenário preocupante de falta de empatia e até receio de abordagens em espaços públicos abertos. Porém, os boa-vistenses não podem perder essa hospitalidade de outrora que faz o turista sentir-se acolhido e seguro.

Afinal, o turismo é uma grande indústria geradora de empregos e crescimento por meio da prosperidade econômica. É por isso que o turismo precisa estar sempre na pauta dos políticos e dos governos. As eleições municipais estão aí, mas não se vê quase nenhum candidato a vereador ou a prefeito falando sobre desenvolver o turismo.

Os políticos deveriam estar nos estandes de seus respectivos estados durante a Abav Expo, pois não há como tornar o turismo uma fonte geradora de desenvolvimento se não houver segurança jurídica, políticas públicas sendo garantidas naquela cidade ou Estado e investimentos. E a população precisa saber também do seu papel dentro dessa grande engrenagem, a começar pela hospitalidade.

*Colunista

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