Cotidiano

Servidores estaduais decidem continuar em greve geral

Conforme servidores de diversas categorias, salário prometido para o dia 30 de outubro não caiu na conta

Em assembleia convocada para o início da noite de ontem, 31, o Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima) definiu que dará prosseguimento à greve geral de servidores do quadro geral do Governo do Estado, como também acionará seu jurídico para ingressar com uma ação contra o Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público de Contas (MPC), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Assembleia Legislativa (ALE).

De acordo com o presidente do sindicato, Francisco Figueira, a ação é justificada pela irresponsabilidade dos órgãos em fiscalizar o poder executivo, para que a atual crise financeira, que resultou na falta de pagamento de servidores do quadro geral do Estado, que agora passa de dois meses.

“Os órgãos fiscalizadores poderiam ter evitado a atual crise no Estado, pois ela já dava sinais claros de ocorrer há dois anos, e já vínhamos alertando eles disso. Por isso, o nosso jurídico vai levar o caso ao Ministério Público Federal (MPF), e estará dialogando com a nossa federação nacional, para que haja um acompanhamento disso”, explicou.

A assembleia também determinou que haja uma nova mobilização de servidores na Praça do Centro Cívico hoje, dia 1º, a partir das 8h. Francisco Figueira contou que, para conseguir maior aderência de servidores, ele passará em algumas secretarias para convidar funcionários.

“Estarei passando nas secretarias que forem necessárias para convidar o máximo de servidores possíveis. Na Setrabes (Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social de Roraima), por exemplo, ainda há mais de 100 servidores efetivados que estão trabalhando normalmente, apesar de estarem sem receber há mais de 60 dias. Passarei lá, e em outros lugares-chave, para que a mobilização ganhe força”, contou.

Policiais civis vão acampar ao lado do 5º DP

Simultaneamente ao ato do Sintraima, Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Roraima (Sindpol-RR) está convocando servidores da Polícia Civil para participarem de um acampamento ao lado da Central de Flagrantes do 5º Distrito Policial na manhã de hoje, 1º, com objetivo de pressionar ainda mais o poder público, tanto o Governo de Roraima quanto órgãos fiscalizadores, em meio à falta de salários há exatamente 62 dias.

O presidente do Sindpol, Leandro Almeida, afirmou que o ato visa convidar toda a classe, e familiares, por tempo indeterminado, para que haja a coordenação de ações que poderão ser tomadas com a união do maior número possível de membros da Polícia Civil.

“Estamos convocando toda a nossa categoria para o acampamento, mas também não queremos forçar ninguém a ir. Vá se você quiser resolver o problema do seu salário, que já passa do segundo mês de atraso. O governo prometeu que esse pagamento fosse ocorrer na terça com o FPE (Fundo de Participação dos Estados). O dinheiro até chegou a ser transferido para o Banco do Brasil, mas ele foi bloqueado no último momento, por pedidos da Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça”, explicou.

Esposas de militares acampam no Centro Cívico

Ainda na noite de terça-feira, 30, familiares de policiais e bombeiros militares voltaram a acampar em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, na Praça do Centro Cívico. Agentes socioeducativos também se manifestam no local.

Por volta das 11h de ontem, 31, houve um tumulto entre policiais militares que trabalham no Palácio do Governo e os manifestantes. A confusão teria iniciado após as esposas de militares receberem uma tenda, doada pelos empresários de transporte escolar, que também estão paralisados. Os policiais pediram que a tenda fosse retirada do local e que a concentração fosse mais afastada do Palácio.

Segundo os manifestantes, os policiais teriam dito que usariam de violência se fosse necessário, o que gerou o tumulto. No fim das contas, os policiais deixaram que a tenda permanecesse no Centro Cívico, desde que seja na altura do poste que ilumina o centro asfaltado da praça.

“Estamos sobrevivendo em condições desumanas. Quase sem comida, contas sobre contas, e com medo que até nossa luz seja cortada. Estamos sendo atacados e humilhados por esse Governo. Eu não entendo nada de finanças, mas vejo que essa irresponsabilidade passou dos limites. Tememos pelo salário que já não recebemos, mas também pelo próximo dia 10, que com certeza não será de pagamento”, afirmou a esposa de um militar.

GOVERNO – Sobre o caso, a Casa Militar informou que, “por se tratar de uma área de segurança, a tenda precisou ser instalada em um perímetro mais afastado do Palácio Senador Hélio Campos”. Reforçou que não houve desentendimento entre policiais militares e manifestantes e o que ocorreu foi apenas uma orientação por parte da Corporação, acatada pelo grupo de manifestantes.

Peritos estão sem salário e sem material para trabalhar

Além de manifestantes que estão concentrados no Centro Cívico, peritos criminais também resolveram manifestar indignação com o atraso de salários, que já entrou no seu segundo mês, por meio de um ato realizado em frente ao Instituto de Criminalística, na manhã de ontem, 31. Os pagamentos, que estavam previstos para ocorrer ontem, 30, foram bloqueados por determinação judicial.

Segundo a perita criminal Andrea Santana, a falta de pagamento de fornecedores, que já está entrando no seu segundo mês, contribuiu para que os insumos necessários para a polícia científica fossem comprometidos, paralisando trabalhos essenciais do órgão.

“Nós não estamos paralisados, o problema é a falta de materiais. Estamos sem reagentes para fazer exame de drogas e sangue. Temos máquinas que estão paradas há mais de mês por falta de manutenção. Isso sem falar na falta de papel. Até então, estávamos parados esperando podermos ter condições de trabalhar, mas hoje resolvemos divulgar essa situação”, contou. (P.B)