Embora o assassinato do candidato a prefeito do Amajari, Antonio Etelvino Almeida, o Toinho da Aderr, que morreu no dia 27 passado após ser baleado, aparentemente não tenha nenhuma relação com a disputa eleitoral naquele município, este caso soma-se a um clima de violência política alimentada por alguns segmentos daquela região.
Há um clima pesado no ar em que eleitores são incentivados (ou mesmo orientados) a fazerem ataques que extrapolam qualquer bom senso. A crítica é um instrumento imprescindível dentro do campo político e da liberdade de expressão. No entanto, há limites que precisam ser respeitados para que não se torne ataques sórdidos a fim de criar ou alimentar um clima de instabilidade.
A internet acaba alimentando na mente das pessoas que as redes sociais são um território livre para ultrapassar quaisquer limites. Amparadas por quem defende e acolhe comportamentos violentos, pessoas acabam indo para as reuniões políticas apenas para gravar vídeos atacando ou insultando o grupo adversário para depois serem usados como explícita campanha negativa contra o adversário.
Esse comportamento é abonado por perfis nas redes sociais que divulgam esses tipos de ataques sob o argumento de que estão apenas “mostrando os fatos” ou “repassando” o que está sendo dito e compartilhado nos grupos de mensagens e perfis das redes sociais.
Em um cenário de tensão no Amajari, replicar vídeos altamente agressivos servem mais como um incentivo a comportamentos incendiários e à violência política, que precisa ser banida das disputas políticas, em vez de apenas uma crítica ou divergência política que é muito necessária para oxigenar as disputas eleitorais dentro de uma democracia.
A propósito desse assunto, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, se posicionou sobre a necessidade de responsabilização dos partidos políticos em casos de violência na disputa eleitoral, neste domingo, ao anunciar a criação de um observatório com a finalidade de combater a violência política.
Pelo clima tenso que se cria em determinados municípios do interior e até mesmo na Capital, é o momento de a Justiça Eleitoral pensar em Roraima ter, também, seu próprio observatório para responsabilizar não somente políticos e partidos, mas também quem apoia e divulga conteúdos que incentivam a violência e ataques que visam insuflar o eleitoral a agir de forma agressiva visando criar um clima instável na disputa eleitoral, o que pode gerar consequências imprevisíveis.
*Colunista