No mês de conscientização sobre o câncer de mama, o Outubro Rosa, especialistas reforçam a importância da prevenção através de hábitos saudáveis. O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, e a adoção de uma alimentação equilibrada pode desempenhar um papel fundamental na prevenção da doença. Para Ana Salomon, professora de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB), manter uma dieta saudável é uma das principais estratégias para reduzir o risco de desenvolver o câncer de mama.
A campanha Outubro Rosa de 2024 busca conscientizar a população sobre o cuidado integral com a saúde da mulher, abordando tanto o câncer de mama quanto o de colo do útero. A prevenção, aliada ao diagnóstico precoce, é a chave para reduzir a mortalidade causada por essas doenças. A alimentação, segundo Salomon, pode ser um forte aliado nesse combate.
Alimentos a serem evitados
A nutricionista alerta que certos alimentos, quando consumidos em excesso, podem aumentar o risco de câncer. “Fast foods e alimentos ultraprocessados, que possuem altos teores de gorduras saturadas, trans e açúcar, são extremamente prejudiciais à saúde”, explica Salomon. Ela também ressalta os perigos do consumo excessivo de carnes vermelhas, especialmente em porções superiores a 500 gramas por semana, e de bebidas alcoólicas. “Esses alimentos podem interferir negativamente na produção hormonal, afetando até a fertilidade e aumentando o risco de várias doenças.”
Além disso, a especialista destaca que alimentos como carnes processadas, peixes salgados e embutidos devem ser evitados, pois são associados a um risco elevado de desenvolvimento de câncer. O excesso de açúcar e gordura na alimentação também figura entre os vilões.
Alimentos aliados na prevenção
Por outro lado, incluir alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais antioxidantes no cardápio diário pode ajudar na proteção do organismo contra o câncer. “Frutas, verduras, legumes e cereais integrais são excelentes fontes de nutrientes que combatem o estresse oxidativo, um dos fatores que favorecem o desenvolvimento do câncer”, afirma Salomon. Ela destaca ainda a importância do consumo de vegetais não amiláceos, como cenoura, brócolis, espinafre e alho, que têm propriedades benéficas ao corpo.
A professora também recomenda uma dieta colorida, com frutas de diversas tonalidades, para garantir uma boa ingestão de vitaminas e minerais. “As cores dos alimentos são um indicativo de diferentes nutrientes, por isso, quanto mais variada for a alimentação, melhor será a proteção para o organismo”, reforça.
Gorduras benéficas e o papel dos laticínios
Outra questão importante na dieta feminina é o consumo de gorduras. Salomon aponta que as gorduras provenientes de fontes vegetais, como azeite de oliva, abacate e oleaginosas, são as mais indicadas. “Essas gorduras ajudam a manter o equilíbrio corporal e, se consumidas de forma adequada, protegem a saúde cardiovascular e contribuem para a prevenção de doenças”, explica.
Em relação aos laticínios, Salomon afirma que esses alimentos podem ser incluídos na dieta, desde que em suas versões com baixo teor de gordura, como os produtos semidesnatados ou desnatados. “O leite e seus derivados são ótimas fontes de cálcio, essenciais para a saúde dos ossos e do organismo em geral.”
Suplementação: uma armadilha?
A especialista também adverte sobre o uso indiscriminado de suplementos vitamínicos e minerais. Embora muitos acreditem que eles podem substituir uma alimentação equilibrada, Salomon afirma que essa prática pode, na verdade, ser prejudicial. “Suplementos não oferecem os mesmos benefícios que os alimentos naturais e, em alguns casos, podem aumentar o risco de câncer se consumidos em excesso”, alerta.
O ideal, segundo a nutricionista, é que qualquer necessidade de suplementação seja avaliada por um médico ou nutricionista, com base em exames que comprovem a carência de determinado nutriente.
Prevenção e qualidade de vida
Ao final, Ana Salomon reforça que a alimentação saudável é um dos pilares mais importantes para a prevenção de diversas doenças, incluindo o câncer de mama. “Incorporar alimentos naturais, variados e em quantidades adequadas é fundamental para manter a saúde em dia”, conclui. Ela ainda destaca que, além da alimentação, a prática de exames periódicos e o acompanhamento médico regular são essenciais para garantir um futuro com mais qualidade de vida.
O Outubro Rosa, portanto, vai além do uso do laço rosa ou da lembrança da importância da mamografia. Trata-se de um momento para refletir sobre a saúde como um todo e, principalmente, sobre como as escolhas diárias podem impactar positivamente na prevenção do câncer de mama e de outras doenças.