JESSÉ SOUZA

Árvores tão antigas quanto o Hospital Coronel Mota foram derrubadas sumariamente  

Imagem mostram a contradição de derrubar árvores que davam sombras para colocar tenta para receber pacientes no Coronel Mota

No momento em que o país enfrenta calamidades climáticas, com secas e chuvas extremas dentro de um cenário do “novo normal”. uma cena devastadora pode ser vista no Centro de Boa Vista, mais precisamente em frente do antigo Hospital Coronel Mota. Árvores que sempre fizeram parte do cenário daquela unidade de saúde foram sumariamente derrubadas, em um explícito atentado ao meio ambiente.

Não se tratava apenas de árvores embelezando o cenário, mas de plantas essenciais para garantir sombra para centenas de pacientes que passam por lá diariamente ou que fazem fila para marcar consultas médicas de várias especialidades, além de vendedores ambulantes e outras pessoas que por lá circulam. No lugar das árvores foi colocada uma tenda para receber os pacientes em busca de consultas médicas. 

Qualquer pessoa minimente informada sabe que árvores criam um microclima onde estão concentradas, reduzindo a temperatura do ambiente, especialmente em uma cidade quente como Boa Vista, conhecida por sua arborização como atrativo turístico. Árvores também ajudam a retirar poluentes do ar enquanto transpiram, atividade esta importante na área central por onde circulam milhares de veículos diariamente lançando fumaças altamente poluentes.

Árvores também reduzem poluição sonora e ajudam a conter os ventos que ocorrem frequentemente na Capital, somando-se a outras para manterem a umidade do ar e contribuírem para que haja chuvas regulares. E mais: oferecem abrigo e frutos para as diversas espécie de pássaros que vivem na área urbana.

São tantos benefícios que fica até impossível acreditar que arquitetos e engenheiros que trabalham para governos ainda insistem em antigos conceitos de derrubar árvores para satisfazerem seus projetos que não respeitam o meio ambiente, enquanto mundo afora os projetistas fazem de tudo para salvar árvores e conectá-las com novos prédios que são erguidos.

Não faz muito tempo, dentro das obras que estão sendo realizadas no Parque Anauá, o maior parque urbano do Estado, os engenheiros planejaram derrubada de árvores que estariam “atrapalhando” a construção das obras, mas tiveram que recuaram depois dos protestos que surgiram de populares nas redes sociais.

No entanto, desta vez conseguiram ceifar árvores tão antigas quanto aqueles prédios do Hospital Coronel Mota, que hoje funciona como clínica. Não houve tempo para protestos. Restou apenas indignar-se, já que boa parte das árvores foi sumariamente eliminada, enquanto outras restaram troncos com galhos que indicam que elas podem se regenerar.

Do jeito que este governo não tem o menor apreço pelo meio ambiente, é possivelmente capaz de passarem a motosserra nos troncos que resistiram ao abate criminoso que ocorreu naquele local. Alguém precisa tomar providências, pois em outros locais, ali da área central de Boa Vista, árvores nas calçadas em frente de comércios também estão sendo lançadas ao chão.

Estão cometendo um “árvorecídio” sem qualquer disfarce. As autoridades precisam agir, pois árvores em espaço urbano são consideradas um bem de uso comum do povo, conforme está firmado no artigo 225 da Constituição Federal, estabelecendo que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, determinando que o poder público e a sociedade têm o dever de preservar e defender o meio ambiente para as gerações atuais e futuras.

*Colunista

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