Desde o último 27 de outubro, quem precisa registrar Boletins de Ocorrência na capital tem enfrentado dificuldades. Isso porque todos os atendimentos no âmbito da Polícia Civil foram concentrados na Central de Flagrantes, que funciona na sede do 5º Distrito Policial, no Distrito Industrial. Entre as dificuldades citadas pelos usuários, a principal foi a distância da delegacia em relação ao Centro de Boa Vista.
A dona de casa Conceição Moraes, de 54 anos, mora no bairro Aparecida há mais de dez anos e precisou registrar um boletim de ocorrência na manhã desta quinta-feira, 1º de novembro, mas não conseguiu. “Tinha tanta gente aqui. Pessoas querendo registrar ocorrências, policial com bandido e um monte de gente lá fora, que ficava num entra e sai sem fim, eu desisti e fui pra casa”, disse.
No início da tarde, por volta das 14h20, a dona de casa retornou à delegacia e encontrou o lugar mais tranquilo. Resolveu então esperar o atendimento. Ela contou que não demorou muito para a chegada de agentes da PM com dois indivíduos algemados. “Eu já estava abalada com o que me aconteceu e com esse percurso que fui obrigada a percorrer. Não tem condições sair daqui sem resolver isso, é longe demais”, relatou.
Um funcionário público que mora no bairro Canaã, e preferiu não ser identificado, também foi à delegacia pela parte da manhã e não conseguiu atendimento. Resolveu então voltar após o almoço. “Já estou a mais de uma hora aqui, esperando a minha vez e nada. Não tenho como voltar depois porque não sei se terei gasolina pra isso. Tá uma bagunça”, criticou.
A concentração dos serviços foi uma medida adotada pela Delegacia-Geral de Polícia para garantir atendimento ao cidadão, tendo em vista que as demais delegacias da capital estão sem papel para registro de ocorrências. Dessa forma, a principal delegacia do Estado está responsável tanto pelo atendimento à população, quanto pelos flagrantes realizados pela Polícia Militar do Estado de Roraima (PMRR).
Esta é outra dificuldade apontada pelos entrevistados. Além da distância que precisa ser percorrida para garantir atendimento, eles destacaram a preferência que os policiais militares possuem em relação aos demais. “É complicado você vir até aqui tentar resolver um problema e dar de cara com bandidos que, se duvidar, já te prejudicaram. E mais, ter que esperar eles serem atendidos mesmo se você chegou primeiro”, declarou o funcionário público.
OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com o Governo do Estado, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. (A.G.G)