AFONSO RODRIGUES

Arriscar sem risco

“Aquele que não arrisca nada, não faz nada, não tem nada, não é nada”. (Rudyard Kipling)

Arriscar nem sempre é arriscado nem insensato, desde que haja racionalidade. O importante é que sejamos sensatos nas atitudes. E ser sensato não significa ser medroso nem cauteloso. Nem é tão difícil assim, entender isso. Basta que sejamos conscientes de nossa capacidade no desenvolvimento humano. E o mais importante é que sejamos realmente o que somos. E o que somos é, nada mais nada menos do que seres humanos em desenvolvimento. Ontem pela manhã vivi uma experiência fascinante no desenvolvimento da humanidade. E isso numa mera observação no comportamento de quatro animais domésticos e simples pra dedéu. Enquanto a Salete aprontava a mesa para o café da manhã, fui até o portão lateral. De repente observei que aquele gato branco e chato, que me perturba o dia todo, estava observando algo, do lado de lá. Aproximei-me e admirei o que vi: do lado de lá estavam dois outros gatos. Um pretão e outro bem branquinho parecendo gêmeo do meu. Eles se olhavam como se estivessem se comunicando para uma tarefa. Parei e fiquei na minha. O meu gato branco pulou para o lado de lá, e os três saíram em marcha acelerada como se estivessem numa missão. Entrei e os acompanhei, observando-os. De repente um deles observou que estavam sendo observados. Olharam-se e pularam, cada um para seu lado e caíram fora, em ritmo acelerado.

Com certeza, eles estavam bolando alguma travessura. E minha desconfiança era válida. É que ali, dentro das ramadas tem uma galinha chocando. E quem sabe, o trio estava bolando a comida dos ovos. Eles sumiram, e voltei às minhas atividades. Mas tudo indicava que era meu dia de observação ao comportamento dos animais. E não demorou muito, e vi algo que sempre vi e nunca prestei atenção. A Tatá, que é uma cadelinha pequeninha, estava sentada e olhando para mim. E como isso já é comum, nem dei bolas. E foi aí que me lembrei que ela só faz isso quando está a fim de comer alguma coisa. Fingi que não estava observando-a. Mas, ela muito esperta, percebeu que eu estava fingindo. Ela levantou-se, saiu devagarinho, foi até o canil, pegou, com os dentes, a vasilha da comida, veio com a vasilha e jogou-a aos meus pés. Não resisti ao riso, vendo-a olhando para mim como quem diz: é isso aí, boboca. Peguei a vasilha, botei uma boa quantidade de ração e levei ao canil. Ela comeu e, logo mais, veio até mim e lambeu meus pés. É isso í, cada um na sua, dentro do seu nível de evolução. Vamos prestar mais atenção à evolução dos animais irracionais. Mas, sem exagero. Pense nisso.

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