Cotidiano

Sem ar-condicionado, usuários se protegem como podem do sol

Em bairros centrais foi constatado que de 12 paradas, 10 não contam com o sistema de refrigeração

Mais de três anos após a divulgação do Plano de Mobilidade Urbana da capital, as paradas de ônibus que deveriam contar com ar-condicionado, não possuem o sistema de refrigeração. A execução do plano é de responsabilidade da Prefeitura de Boa Vista (PMBV). A reportagem da Folha percorreu alguns dos principais bairros centrais e foi constatado, que das 12 paradas localizadas, 10 não contam com o sistema. Diante do trabalho incompleto, a população procura maneiras de se proteger do sol, principalmente em horários quentes.

Durante a reportagem, a Folha flagrou usuários do transporte público esperando pela condução fora da cabine localizada ao lado da Secretaria da Fazenda (Sefaz), na avenida Ene Garcez, no Centro. O motivo? Calor. Pela localização, a parada é atingida pelo sol da tarde. “Sem climatização é impossível ficar lá dentro esse horário. Sempre espero atrás da parada”, justificou o usuário Antônio Cabral.

Outra situação destacada pelo usuário que é morador do Cidade Satélite, diz respeito à estrutura dos ônibus. Segundo ele, a nova frota da linha foi trocada pelos ônibus antigos. “Não deram nenhum aviso, agora a gente anda em ônibus praticamente quebrado e sem ar”, disse.

Para Natanael Rodrigues, a falta de refrigeração passa a ser um problema maior agora, durante o verão. Ele contou que, desde o início da revitalização e construção de novas cabines, a maioria das paradas que utiliza estão incompletas. A venezuelana Laura Betancourt, que mora há oito meses em Boa Vista, disse que “ainda não teve a sorte de utilizar uma das paradas geladas”.

Das paradas encontradas pela reportagem, estão sem central de ar as localizadas: ao lado do Hospital Infantil Santo Antônio e em frente à rodoviária, no Treze de Setembro, ao lado da Igreja Nossa Senhora Consolata, no São Vicente, em frente ao Conselho Regional de Medicina (CRM), no Canarinho, ao lado da Sefaz, no Centro, ao lado da Vivo, na avenida Capitão Júlio Bezerra, no São Francisco, e em frente à Praça das Águas.

O projeto de mobilidade foi anunciado em 2013 e garantia a implantação de ciclovias, construção de calçadas, pontes e reforma do miniterminal. O recurso inicial era de R$ 68 milhões para concluir o empreendimento e foi intermediado pelo Ministério das Cidades. Na época, foram anunciados a construção de 850 pontos de ônibus, 100 deles climatizados.

Entretanto, a primeira empresa que ganhou licitação para fazer o lote dos abrigos teve o contrato rescindido e uma outra fez um novo estudo, onde o número de pontos foi reduzido para 600 abrigos simples e 75 climatizados.

Segundo apurado pela Folha, dos 75 abrigos em criação e construção, apenas 12 estão operando com sistema de climatização. Ao todo 50 abrigos foram construídos.

Mobilidade Urbana sem transparência

No mês de outubro, a Folha apurou e noticiou que as obras de mobilidade urbana e de melhoria do sistema viário de transporte urbano na capital foram alvo de debate na Câmara Municipal de Boa Vista. À época, o vereador Linoberg Almeida explicou que buscava desde 2017, e sem sucesso, informações sobre as obras realizadas, o planejamento e o cronograma de investimento na PMBV.

Um requerimento de autoria do vereador chegou a ser protocolado e aprovado por unanimidade em plenário, no mesmo mês, solicitando informações sobre o caso. O pedido foi encaminhado ao Executivo, no entanto, segundo o regimento da Casa, a Prefeitura não tem um prazo máximo para enviar a resposta. Dessa maneira, resta à população que vive a problemática denunciar a situação aos órgãos fiscalizadores.

PREFEITURA – A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. (A.G.G)