Inconformados e declarando palavras de ordem, consumidores se mobilizaram na tarde dessa segunda-feira, 5, em frente à sede da Eletrobras Distribuição Roraima para manifestarem repúdio à decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em aprovar o reajuste tarifário de 38,50% nas contas de energia que começou a valer no dia 1º de novembro.
O reajuste foi decidido no dia 30 de outubro, após a Agência anunciar que houve um aumento no preço do custo de aquisição de energia e por aplicar 14% do reajuste calculado no ano anterior para o consumo energético em Roraima. Por ser o único estado que não está ligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), moradores roraimenses receberam a notícia do aumento com indignação.
A manifestação contou com pessoas com cartazes e carros de som após organização feita pelas redes sociais. Um dos pontos levantados pelos manifestantes foi a qualidade da energia disponibilizada em Roraima, abastecida pela linha de transmissão oriunda da Venezuela, que tem blecautes constantemente, causando prejuízos aos equipamentos eletroeletrônicos.
“Eu pagava em torno de R$ 110, esse mês vou pagar quase R$ 200. Se a população não sair de casa e cobrar seus direitos, essa situação vai continuar. Temos que nos organizar e a notícia do nosso manifesto chegar até Brasília”, relatou o mestre de obras Francinaldo de Abreu, morador do bairro Senador Hélio Campos. Ele disse ainda que não foi o único a receber a conta com um aumento significativo já no mês de outubro, que todos os vizinhos estão passando pela mesma situação.
O temor de não saber se terá condições de pagar a conta de energia já está sendo sentido pelo morador Agenor Queiroz. Atualmente desempregado, o manifestante recebeu a conta de outubro com um aumento de quase R$ 200 em comparação com o mês de setembro. “A gente não aguenta mais pagar tanta conta alta. E pelo que estou vendo, não está incluso o reajuste de 38%”, criticou.
Queiroz ressaltou que os direitos dos consumidores não estão sendo respeitados e que a única solução para a questão da energia em Roraima é a ligação com o Linhão de Tucuruí e a construção de mais hidrelétricas.
O desempregado justificou que a esposa tem ajudado no pagamento das despesas em casa, mas que por ser servidora pública estadual, teme pelos atrasos no pagamento de salários, que já somam 60 dias.
A autônoma Cíntia Santos disse que se sente abandonada pela classe política porque até o momento não foi feito nenhum ato visando impedir que esse reajuste abusivo seja feito. “Eu já tive problema com a energia, equipamentos queimados e prefiro comprar outro porque é tanta burocracia que não vale a pena a luta. Agora esse aumento não pode acontecer”, lamentou.
Os motoristas que passavam pela Avenida Terêncio Lima prestavam apoio através de buzinas e palavras de incentivo. Um dos carros utilizados na manifestação ficou estacionado na porta da distribuidora, mas os manifestantes não tiveram nenhum posicionamento por parte de representantes da empresa.
De acordo com o organizador da manifestação, Max Moraes, será feito um abaixo-assinado com coleta de assinaturas em pontos estratégicos da cidade, requerendo o cancelamento do reajuste. Caso não surta o efeito esperado, Max disse que novos atos de protestos serão organizados.
Eletrobras não comenta reajuste
A equipe de reportagem foi até a sede administrativa da Eletrobras Distribuição Roraima para solicitar um posicionamento sobre o reajuste tarifário. Entretanto, sem nem explicar qual assunto seria abordado com o presidente da empresa, Anselmo Brasil, a assessora de imprensa disse que a equipe não seria atendida.
Segundo a assessora, o presidente estaria em uma reunião no momento. E mesmo com o fim da reunião, a assessora informou que a Eletrobras “não iria se manifestar sobre o reajuste” e que “pediu que os manifestantes entrassem em contato com a Aneel, porque o reajuste foi determinado por eles”.
Por e-mail, a reportagem da Folha questionou a empresa se o aumento nas contas de energia no mês de outubro estava relacionado com o uso das termelétricas durante as eleições e se o Linhão de Guri já estava funcionando normalmente, contudo, não obteve resposta até o fechamento desta matéria. (A.P.L)