O professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Bruno Ramalho, especialista em Reprodução Humana Assistida, alerta para a relevância da idade feminina no planejamento reprodutivo. Ele destaca que muitas mulheres, ao priorizarem outros aspectos de suas vidas, podem acabar subestimando o impacto do tempo sobre sua fertilidade.
Ramalho explica que, embora o conceito de planejamento familiar seja amplamente conhecido, muitas vezes ele é interpretado de forma limitada, focando apenas em métodos anticoncepcionais. No entanto, o planejamento reprodutivo também envolve a escolha do momento mais adequado para engravidar, considerando fatores pessoais e biológicos.
O professor enfatiza que, ao contrário de gerações passadas, as mulheres modernas costumam adiar a maternidade em prol de suas carreiras e projetos pessoais. Contudo, ele ressalta que a fertilidade feminina está intimamente ligada ao tempo, e adiar a gravidez pode reduzir as chances de concepção. “A mulher de 35 anos, por exemplo, tem óvulos da mesma idade que ela, enquanto os espermatozoides masculinos são renovados constantemente,” explica o especialista.
Segundo Ramalho, as mulheres nascem com um número limitado de óvulos, que diminui progressivamente ao longo da vida. Ele detalha que uma menina nasce com cerca de dois milhões de óvulos, mas esse número cai para aproximadamente 400 mil na puberdade. Com o avanço da idade, a reserva ovariana continua a diminuir, afetando a fertilidade.
Sobre o congelamento de óvulos, o especialista destaca que a eficácia do procedimento também está ligada à idade. Mulheres que congelam 20 óvulos antes dos 35 anos têm 70% de chance de ter ao menos um filho, enquanto entre os 35 e 39 anos essa taxa cai para 45%. Após os 40 anos, seriam necessários mais de 30 óvulos congelados para alcançar uma probabilidade semelhante de sucesso.
Ramalho ressalta que o congelamento de óvulos oferece às mulheres a possibilidade de adiar a maternidade, mas deve ser encarado como uma ferramenta de planejamento, e não uma garantia de sucesso. Além disso, ele lembra que algumas mulheres recorrem ao procedimento por razões médicas, e não apenas por escolha pessoal.
Concluindo, o professor reforça a importância de discutir o tema e conscientizar as mulheres sobre o planejamento reprodutivo. Com o adiamento da maternidade cada vez mais comum, buscar alternativas e se organizar para possíveis ciclos de tratamento pode ser essencial para quem deseja ser mãe em um futuro mais distante.