Resumo da ópera eleitoral e os números de quem realmente venceu as eleições

Quem não encarou a disputa das eleições municipais deste ano com o olhar de cidadão em busca de melhorias para a sua cidade, seu bairro ou sua rua, além do cuidado com as pessoas, certamente terá um choque de realidade pelos próximos quatro anos, condenado a seguir com os desafios dos mesmos problemas estruturais e sociais de outros tempos na localidade onde vive.

Quem não enxerga um pleito eleitoral com este olhar são os políticos profissionais, os quais tratam as eleições municipais como trampolim para a disputa das eleições gerais, marcadas para daqui a dois anos, em 2026, quando o eleitor escolherá os deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente.

Enquanto eleitores debatem os rescaldos da pós-votação tendo como base a simpatia do candidato, amizade, paixão, compadrio, dinheiro investido nas chamadas BUs (bocas de urna), voto útil ou interesses particulares, os caciques políticos analisam números de votos que conquistaram, avanços partidários, bem como refazem os cálculos de quanto terão que gastar na próxima disputa.

Sendo assim, no resumo da ópera eleitoral dedicada aos bufões, os partidos que compõem o chamado Centrão foram os vencedores, dominando as eleições no país: pela ordem, o PSD, o MDB, o PP e o União Brasil juntos conquistaram mais da metade das prefeituras brasileiras. Depois vêm o PL de Bolsonaro e o Republicanos, ficando em 5º e 6º entre os que mais tiveram crescimento. O PT ficou em 9º, mas também registrando crescimento.

Em Roraima, a realidade não difere muito do que se apresenta no quadro nacional. Em Boa Vista, que concentra cerca de 70% da população, dominaram o cenário oito partidos políticos, com o Republicanos e o MDB ficando com quatro cadeiras no legislativo; seguidos de PP, PDT, PSD e o Podemos, todos com três cadeiras cada um; além do Democracia Cristã com duas cadeiras e o União Brasil com uma. O MDB reelegeu o prefeito com expressiva maioria.

Aí está desenhada a arrancada para a próxima disputa eleitoral, desta vez tendo como bandeira outros discursos mais distantes da vida das pessoas, entrando o cenário nacional em que as pessoas são ludibriadas com o discurso de direita x esquerda, inclusive com o uso da religião como mais um aperitivo para distorcer a visão das pessoas sobre política e cidadania.

E assim os senhores da política partidária vão levando o eleitor a cada dois anos, na engabelação ou na base da corrupção eleitoral normalizada, em que corruptores e corruptíveis se misturam sem distinção, com os políticos mantendo seus esquemas partidários ou de grupos e o povo na ilusão de que defendeu sua ideologia e que foi às urnas decidir por mudanças.

*Colunista

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