Cotidiano

Homem que precisa de cirurgia recebe alta do HGR

O paciente recebeu alta após os médicos alegarem que não havia material para a realização da cirurgia, que deveria ser de emergência

João Ferreira Paiva Júnior, de 27 anos, sofreu um acidente de motocicleta há três semanas, quando estava acompanhado da esposa, Jaqueline Alves. Eles deram entrada no Pronto Socorro Francisco Elesbão do Hospital Geral de Roraima (HGR) no mesmo dia. Jaqueline teve arranhões leves, enquanto João sofreu uma fratura na tíbia, na parte inferior da perna.

Segundo Jaqueline, o marido e ela receberam alta após os médicos alegarem que não havia material para a realização da cirurgia, que deveria ser de emergência. Ela conta que no hospital pacientes se amontoam nos corredores e esperam dias pelo atendimento.

“Os médicos nos relataram que já faz um tempo que vem faltando material para cirurgias ortopédicas, eles chegaram até a comprar produtos para o curativo do próprio bolso pra não deixar de atender os pacientes. Meu marido está em casa esperando por essa cirurgia com dor e sem nenhuma previsão de ser atendido. Sabemos de outros casos assim, um senhor quebrou a perna em dois lugares e já faz duas semanas que não há nenhuma resposta. O hospital não oferece mais nenhum material para um simples curativo, as pessoas compram do próprio bolso”, disse.

A dificuldade maior é que João está desempregado e não consegue suprir com os gastos de medicamentos e produtos para o curativo, já que a perna está enfaixada. “Falta tudo, e a única coisa que dão é um remédio para dor que não faz efeito, ele está com os ossos quebrados e não consegue nem sair da cama”, contou a esposa.

CRISE – A situação de caos enfrentada por pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde já foi criticada pela diretoria do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR). Segundo o CRM, a falta de insumos básicos, medicamentos e equipamentos são os problemas mais comuns denunciados pela população ao Conselho, tendo o HGR a avaliação mais caótica de todas as unidades do Estado.

OUTRO LADO – A reportagem da Folha entrou em contato com o governo de Roraima para ter uma resposta sobre essa denúncia, mas até o fechamento da matéria não teve retorno.