Eles estão por toda a cidade. É notório o crescimento do número de locais públicos que são vigiados por flanelinhas. Mas até aí, tudo bem. O problema começa na hora de ir embora, quando não há moedas ou trocados para o pagamento. Em locais mais movimentados, há flanelinhas que praticamente obrigam os condutores a dar dinheiro por ter ocupado um espaço, mesmo que público, para estacionar o veículo.
Farmácias, restaurantes, praças, lojas e, principalmente, locais de festa. Estes são os espaços mais utilizados por flanelinhas para garantir alguma renda. Nessa quinta-feira, 8, a equipe da Folha percorreu algumas ruas do Centro da capital para verificar a atuação dessas pessoas e saber o que a população tem a dizer. A resposta foi unânime: além das ameaças que recebem, os condutores reclamam da falta de fiscalização.
O servidor público Roberto Costa não acha justo o pagamento obrigatório e, além disso, reclamou da falta de policiamento nesses locais. Ele contou que já foi ameaçado inúmeras vezes por flanelinhas por se negar a pagar pelo estacionamento. “É uma situação chata porque não somos obrigados a pagar por isso. Eles só utilizam locais públicos para essa cobrança”, justificou.
Por trabalhar há anos em uma joalheria localizada na Avenida Jaime Brasil, os ourives Crisalbert Martins e Ricardo Robson contaram que a maioria dos flanelinhas que hoje atuam no Centro, acabam queimando o trabalho de outros. “Conheço gente que está há 10 anos aqui, que recebe carro, lava e entrega de forma impecável. Não tem o que reclamar. Mas tem gente que só vem pra fazer o mal mesmo”, disse Robson.
Desde que o bairro Caetano Filho, vulgo “Beiral”, foi esvaziado, ele explicou que várias pessoas começaram a andar mais pelo Centro e atuar como flanelinha para se aproveitar da situação e praticar roubo. Se o condutor não paga, as reações são as piores possíveis. Entre os inúmeros casos, ele destacou os pneus furados, arranhões e as fezes em sacolas jogadas em direção aos veículos.
Para Martins, o que poderia resolver a situação é a presença de uma guarnição policial. “Ali na Orla a gente tem uma equipe da Guarda Municipal diariamente. Por que não aumentam aquele efetivo durante o dia para que eles possam dar uma passada por aqui durante a semana? Acaba que a gente não pode dar bobeira”, lamentou.
Procon diz não existir norma legal para tipo de cobrança
“Não é legal. Virou cultura nos Estados, mas não existe norma legal para este tipo de cobrança e prestação de serviço”. Essa foi a avaliação do diretor do Procon Roraima, Lindomar Coutinho, sobre a situação dos flanelinhas. Ao contrário do que acontece, ele apontou que o pagamento deve ficar a critério do proprietário do veículo.
Em caso de ameaças ou danos materiais, ele aconselhou a procurar pelos órgãos competentes, para que seja registrado o Boletim de Ocorrência e, se for o caso, ação de dano material. “O Procon, infelizmente, não tem fiscalização direta nesses casos, a não ser nos estacionamentos particulares. Nesse caso, nosso trabalho é garantir que o valor cobrado esteja de acordo com o serviço”, relatou.
OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com o município para tratar do assunto, mas não obteve resposta. (A.G.G)