Após três anos em Brasília para acompanhar um dos dois filhos no tratamento contra a perda total da visão, Alexandre Barros Motta, de 35 anos, voltou a Boa Vista nesta quinta-feira (17). Sem emprego e sem moradia, o pai solo procura apoio para recomeçar a vida.
Em 2021, Alexandro Motta, o filho mais novo de Alexandre, sofreu um acidente ao tentar abrir o portão de casa com uma faca. “Ele tinha nove anos na época, e quando o portão abriu, a faca entrou dentro do olho dele”, relembrou sobre o incidente que resultou em uma lesão no olho direito da criança, que desencadeou uma série de complicações e levou à perda parcial da visão.
Na época, Alexandre trabalhava em uma transportadora. Ele relatou que a empresa o demitiu após ficar dias ausente para acompanhar o filho durante o tratamento. “Eu precisei passar mais tempo no hospital do que no trabalho, e isso estava desfalcando a equipe”, explicou.
Dificuldades
A mudança para Brasília gerou dificuldades financeiras e emocionais para a família. “Foi difícil, sabe? Era uma luta diária. Cheguei até a vender as coisas da casa para sobreviver. A gente tava numa cidade completamente diferente da nossa, tudo era estranho: o clima, a distância… Teve momentos em que a gente se alimentava num dia e no outro não sabia o que fazer”, contou.
Alexandre contou que além de enfrentar o desafio do tratamento do filho, teve que lidar com o abandono da mãe das crianças, o que intensificou as dificuldades. Ele disse que assumiu sozinho a criação de Alexandro e sua filha de 14 anos (que ficou sob os cuidados da irmã dele durante os três anos fora de Roraima).
De volta a Boa Vista, Alexandre está temporariamente na casa da irmã, enquanto busca moradia fixa e emprego. “Estamos aqui sem muita coisa, e o que eu preciso agora é de um lugar para ficar com meus filhos e arrumar um trabalho para seguir em frente”, afirmou.
“Eu tenho certeza que Deus nos faz passar por essas lutas para que a gente aprenda. A dificuldade que enfrentamos é um ensinamento. Foram três anos longe da minha filha, lidando com o acidente do meu filho, mas a gente não pode parar. A vida é para frente, e eu tô aqui para recomeçar”.
Filho está sem estudar há três anos
Alexandre relatou que Alexandro deixou de frequentar a escola por medo de sofrer bullying devido à perda parcial da visão. “Mesmo eu incentivando, ele ficou muito abalado. A falta de visão mexeu com o psicológico dele, e ele ficou muito retraído. Tinham momentos em que ele não queria sair, não queria brincar. Disse que as crianças estavam zoando ele, chamando de ‘cegueta’. Isso doeu muito, porque antes ele era um menino tão ativo”.
Como ajudar
Ele procurou a Folhabv para pedir ajudar nesse recomeço. Para ele qualquer ajuda será bem vinda, um emprego, um lugar para ficar até se estabilizar e até mesmo algum psicólogo que aceite fazer trabalho voluntário para ajudar o menino Alexsandro nessa nova adaptação e no processo de ressocialização, principalmente voltar para a escola.
Quem quiser contribuir com a família pode entrar em contato pelo telefone +55 95 9147-4173 ou enviar doações para o PIX: [email protected].