Um idoso que dirigia um veículo Citroen C3 vermelho fugiu após colisão com um automóvel Hyundai HB20 preto em um cruzamento sem sinalização no bairro Liberdade, na zona Oeste de Boa Vista. O acidente quase atingiu uma comerciante grávida, de 34 anos, a filha dela, de 10, que estavam em uma mesa na frente de uma loja de conveniência, e um funcionário, de 33, que estava no estabelecimento.
Vídeos de câmeras de segurança flagraram o momento em que o HB 20, conduzido pela autônoma Andreia Anastacio, 42, passa pela rua Nelson Albuquerque, atravessa a preferencial da rua Professor Macedo e atinge o automóvel, cujo condutor ainda tentou desviar da batida. Atingido, o veículo parou em um dos principais pilares de sustentação da loja. A colisão aconteceu na tarde de terça-feira (29).
O suspeito apresentava ferimentos no queixo e na mão direita e fugiu quatro minutos após a batida. Testemunhas também dizem que ele tem aproximadamente 60 anos, pele morena clara, mais de 1,60m, e trajava boné, blusa branca short escuro e chinelo havaiano. Andreia, que não se feriu, disse ter se oferecido para chamar uma ambulância para atendê-lo, mas ele se recusou e, antes de ir, disse a ela que cada um arcaria com o próprio prejuízo.
Imagens mostram que ele saiu com a porta aberta. Após a fuga, a autônoma decidiu ligar para a Polícia Militar (PM), mas foi informada de que a corporação não iria ao local porque não existiam vítimas machucadas, e orientada a registrar boletim de ocorrência. Procurada pela Folha, a PM não explicou.
A reportagem apurou que o veículo de placa boa-vistense OEU6575, cujo modelo é de 2012, deve R$ 8.102,73 ao Detran-RR (Departamento Estadual de Trânsito), decorrente de cinco infrações, quatro IPVAs e cinco licenciamentos, acumulados desde 2019.
Tanto Andreia quanto Lourdes Soleiy Fernandes Lemos, a comerciante grávida de quatro meses, disseram que o acusado dirigia em alta velocidade em relação à permitida da via, de 40 quilômetros por hora. O marido de Lourdes denunciou o suspeito em boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial, no qual cita o nome do proprietário registrado do veículo, embora não tenha certeza de que era ele quem conduzia o carro envolvido.
Lourdes disse que, após o acidente, buscou atendimento médico em um posto de saúde devido a dores geradas pelo susto, mas disse passar bem, assim como o bebê. Ela mostrou à Folha que a colisão, além de danificar o pilar da conveniência – o que impediu o fechamento das portas de ferro -, quebrou um vaso de plantas e provocou rachaduras no teto do estabelecimento.
Envolvida, Andreia afirmou que nunca havia se envolvido em acidente em dez anos habilitada e informou que, se a polícia entender que deva pagar o prejuízo da comerciante, assim o fará. “Quem bateu foi o idoso […]. Mesmo que eu achando que não foi culpa minha, assim vai ser feito, quero ser justa”, disse ela, cujo veículo precisou ser guinchado em virtude da perfuração do reservatório do radiador.
Sem sinalização
A esquina onde ocorreu o acidente não é sinalizada com placas “Pare”, tampouco possui sinalização horizontal na pista para indicar parada obrigatória e qual é a via preferencial. “Cheguei a olhar, não tem placa”, disse Andreia, que diz ser moradora recente de Boa Vista e que passava pela rua para ir para casa.
Moradores relembram que, antigamente, essa placa ficava para quem trafega pela rua Nelson Albuquerque. Até a publicação da reportagem, a Prefeitura de Boa Vista não respondeu sobre a falta de finalização no cruzamento.