O Câncer de Pulmão, apesar de ter uma incidência menor do que na mama e próstata, é a forma mais violenta da doença e que causa mais vítimas fatais na América Latina. Os dados foram divulgados ontem, 27, durante o II Fórum Temático Oncoguia sobre Câncer de Pulmão, em São Paulo. A data também marca o Dia Nacional de Combate ao Câncer.
A avaliação “Câncer de Pulmão na América Latina: Pare de Ignorar o Problema” foi feita nos países da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai pela unidade de inteligência da Economist (EIU), serviço de pesquisas de uma empresa britânica, em parceria com a Roche.
De acordo com Márcio Zanetti, diretor da EIU no Brasil, em 2012 o país apareceu em terceiro lugar com a maior taxa de incidência e mortalidade da doença, atrás somente do Uruguai e da Argentina. São em torno de 70 mil mortes por ano, explica o profissional.
O principal causador da doença nestes países ainda é o consumo de cigarro (63%), porém, não é o único, com pacientes sofrendo da doença mesmo sem ter o hábito de fumar. “Outra causa que faz com que a pessoa tenha a doença pode ser a poluição”, citou Zanetti.
ALTO ÍNDICE – O médico explica que o alto índice de vítimas fatais pelo câncer de pulmão se dá por conta das características da doença, que em muitos casos tendem a apresentar os primeiros sinais somente em estágios já avançados e de difícil reversão. Além disso, nem sempre os sintomas são de fácil ligação com a doença podendo ser confundida com outras enfermidades. Entre elas cita-se, por exemplo, a tosse aguda e com apresentação de sangue (normalmente ligada à tuberculose) e até dores musculares, nas costas e braços (que podem ser diagnosticadas como problemas nos ossos).
Zanetti pontua que o país tem uma das melhores políticas antitabagistas dos países da América Latina, mas algumas características contribuem para essa taxa negativa.
“A região ainda carece de oferta de infraestrutura adequada, treinamento de profissionais da saúde para que consiga identificar os sintomas do paciente e consiga encaminhar corretamente para os médicos especialistas, além da informação e conscientização da população”, frisou.
Fórum Temático discute principais desafios para pacientes com câncer de pulmão
O II Fórum Temático Oncoguia abordou além do cenário do câncer de pulmão na América Latina, outros temas prioritários, como o combate ao tabagismo, importância do diagnóstico precoce, as prioridades dos gestores de clínicas e indústrias da área da saúde e as novidades e desafios no tratamento.
Para a presidente e fundadora da organização, a médica oncologista Luciana Holtz, a discussão sobre a doença no pulmão é importante em razão dos índices de mortalidade. “É provável que a gente amplie a discussão sobre a importância dos programas de rastreamento e da detecção precoce”, afirma.
Luciana acrescenta ainda que a previsão do Instituto é focar no fortalecimento de políticas públicas de atendimento à saúde em parceria com os parlamentares eleitos. “Algo que estamos preparando para o começo do próximo ano é o trabalho com a nova turma do Congresso. A gente pretende fazer uma aproximação com os políticos para que eles se engajem mais no cenário do câncer”, completou.
INSTITUTO ONCOGUIA – A ONG Instituto Oncoguia foi fundada em 2009 por um grupo de profissionais de saúde e ex-pacientes de câncer. Dessa união nasceu uma associação sem fins lucrativos, criada e idealizada com o objetivo de ajudar o paciente com câncer a viver melhor por meio de projetos e ações de informação de qualidade, educação em saúde, apoio e orientação ao paciente, defesa de direitos e advocacia.
À convite do Instituto Oncoguia, a Folha de Boa Vista esteve em São Paulo para participar do II Fórum Temático. A cobertura será divulgada através de uma série de reportagens sobre a doença, que será publicada nos próximos dias no jornal impresso, WEB, rádio, TV e redes sociais. (P.C.)