Cotidiano

Falta de políticas públicas limita exportação no estado

Para o Ministério da Agricultura, pouco investimento na produção rural tem afastado investidores interessados na soja e outros alimentos roraimenses

Há um ano, um requerimento para indicação geográfica da soja produzida em Roraima foi solicitado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O certificado teria o peso de agregar valor para o produto e também a garantia de um alimento de qualidade para os exportadores. Contudo, o projeto nunca saiu do papel.

Os estudos demonstram que a soja roraimense tem qualidade superior a outras regiões por conta das condições climáticas e de solo que favorecem em um produto melhor, então onde está o entrave? A resposta está na falta de políticas públicas desenvolvimentistas para o setor agropecuário, que acarreta nos principais fatores para que muitos produtores ainda não tenham o incentivo de investir mais na produção local.

Baseado na afirmação que a soja produzida no estado tem mais proteína e óleo nos grãos, o superintendente federal do Ministério de Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa), Plácido Alves, garante que Roraima tem condições de ser referência internacional com a produção do alimento, mas que o limite de informações que chega até os produtores ainda é muito.

“Temos caminhos a serem percorridos, que são os procedimentos que o Ministério exige. Porém, falta os produtores entenderem que esse é o caminho para poder comercializar o produto por um preço melhor. Quando não conseguimos agregar essa indicação geográfica, não temos como demonstrar que o alimento é de qualidade”, explicou.

Alves prosseguiu informando que a superintendência em Roraima tem procurado trazer especialistas técnicos de outros estados para demonstrar outras perspectivas em relação à produção e comercialização do produto. No próximo mês, o município do Caroebe receberá uma associação nacional para conversarem sobre a banana e os meios que podem ser melhores aproveitados como fonte oficial de renda.

“O estado precisa de políticas públicas voltadas para essa área. Em Santa Catarina, uma cidade foi inteira desenvolvida em cima de um selo da banana, recebendo o título de Banana Mais Doce do Brasil. Imagina isso aqui em Roraima, temos tudo aqui. Com a soja, aqui viraria uma grande sementeira de soja do país”, enfatizou.

LOGÍSTICA – Além da falta de incentivo, o superintendente apontou que existe um problema na questão logística para o transporte da soja. Com exportação para a China, Holanda e Rússia, há apenas um porto de saída do estado.

“Se tivéssemos dois, com saída na Guiana, teríamos mais investidores. Se tivéssemos um selo reconhecido na soja, eu garanto que vinha gente até de avião para buscar essa soja aqui em Roraima”, destacou Alves. Atualmente os municípios de Mucajaí, Iracema, Alto Alegre e Bonfim são os principais produtores de soja no estado e demonstram a melhor força de plantio.

O Mapa pretende continuar buscando o selo de certificação e já teve conversas com o governador eleito, Antonio Denarium, para que novas ações sejam desenvolvidas para a produção rural e, dessa forma, viabilizar o reconhecimento dos produtos originalmente roraimenses.