“Não somos violentos, nem assassinos” diz Associação Yanomami sobre morte de técnico de enfermagem por indígena 

Vilson da Silva Souza morreu em decorrência de uma flechada que atravessou o seu pulmão. Polícia diz que suspeito tem histórico de violência.

Vilson da Silva Souza foi assassinado no último sábado (9) — Foto: Reprodução
Vilson da Silva Souza foi assassinado no último sábado (9) — Foto: Reprodução

 A Hutukara Associação Yanomami (HAY) emitiu uma nota de pesar nesta quarta-feira (14) lamentando a morte do técnico de enfermagem Vilson da Silva Souza, ocorrida no último sábado (9) na comunidade Maraxiú, Terra Indígena Yanomami. Vilson foi morto com uma flechada por um agente indígena de saúde após uma discussão, segundo informações do Ministério da Saúde.

“Nos solidarizamos com os familiares e amigos de Vilson Souza […] Como associação, nos colocamos à disposição para colaborar no que for necessário para esclarecer o ocorrido e no acolhimento dos familiares e amigos”, afirma a nota.

A HAY, que representa os povos Yanomami e Ye’kwana,  reforçou na nota o compromisso com a não-violência.

“Queremos deixar claro que não somos violentos e muito menos assassinos. Somos seres humanos que defendem a vida dos povos originários”. 

A associação  ressaltou ainda a importância do trabalho dos profissionais de saúde na região.

 “Somos 10 associações da Terra Indígena Yanomami que trabalham em parceria com os profissionais de saúde que estão ali para melhorar a nossa vida. Jamais aceitaremos esse tipo de atitude”.

Relembre o caso

Vilson Souza, de 27 anos, foi atingido por uma flecha disparada por um agente indígena de saúde após uma discussão motivada pelo uso de um carregador de celular.

O Ministério da Saúde desligou o agente e recomendou a retirada de toda a equipe de saúde da região, com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A Casa de Governo, que coordena as ações de proteção aos Yanomami, lamentou o ocorrido e reforçou o compromisso com a segurança na Terra Indígena Yanomami. 

Em nota, afirmou que a Força Nacional e a Casa de Governo “permanecem empenhadas em criar um ambiente seguro para que os agentes de saúde, servidores da Funai e demais profissionais possam atuar em benefício das comunidades Yanomami e Ye’kwana”.

Histórico de violência

Uma equipe da Polícia Civil de Roraima, por meio da Delegacia de Alto Alegre, esteve nesta terça-feira, 12, na Comunidade onde Vilson foi assassinado. Coordenada pelo delegado titular de Alto Alegre, Vinícius Quadros, a equipe deslocou-se até a região de difícil acesso, onde realizou uma série de diligências com o apoio da Associação Yanomami Urihi e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), que disponibilizaram uma aeronave.

Segundo o delegado, além da brutalidade do ato, foi informado que o autor possui histórico de agressividade, sendo mencionado em casos anteriores de intimidação e violência na comunidade, incluindo uma agressão recente à própria esposa. As testemunhas e moradores locais reforçaram o envolvimento de R. Y. no crime, e o delegado informou que a motivação é considerada fútil.