Cotidiano

Projeto do ZEE vira caso de polícia

Dono de empresa contratada para elaborar o Zoneamento do Estado afirma que parte de seus relatórios estaria sendo usada indevidamente

O que era para ser uma peça técnica importante para mapear as áreas de desenvolvimento do Estado, o projeto de Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE) de Roraima acabou virando caso de polícia. A Folha teve acesso à cópia do Boletim de Ocorrência (B.O.), registrado no dia 23 de janeiro deste ano no 1º Distrito Policial, no qual o proprietário da empresa Máximo e Cia, Francisco de Assis Máximo de Souza, mais conhecido como Chiquinho do Apiaú, denuncia que o ex-presidente do Instituto de Amparo a Ciência e Tecnologia de Roraima (IACT/RR), Daniel Gianluppi, está com uma parte dos estudos feitos por sua empresa, que venceu uma licitação em 2011 para fazer o ZEE para o Governo do Estado. O valor do contrato foi de R$ 1,5 milhão e a empresa já teria recebido R$1,2 milhão.
Na ocorrência, Chiquinho denuncia ainda que Gianluppi teria copiado parte do Zoneamento feito pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) em 2003 – e que sofreu modificações por técnicos do governo da época, por isso não foi aprovado pelo Conselho Nacional de Zoneamento – e estaria apresentando como se fosse da empresa contratada.
“O Daniel não possui nenhuma peça técnica da empresa contratada, pois ainda está realizando os trabalhos do ZEE. O trabalho será entregue ao governo quando for concluído”, diz um trecho da ocorrência policial.
Chiquinho do Apiaú, em entrevista à Folha, confirmou ter denunciado o caso à polícia. “Fiz isso porque o Daniel Gianluppi ficou com parte dos dados do ZEE que foram fornecidos pela equipe técnica quando ele era presidente do IACT. Como foi nossa empresa que ganhou a licitação, esse material deveria ficar com a empresa”, frisou.      
O empresário disse que contratou uma equipe técnica de professores da UFRR (Universidade Federal de Roraima) para fazer todo serviço de campo e que os relatórios ainda estão sendo concluídos, os quais não fazem parte da peça técnica que Gianluppi teria mostrado ao Governo do Estado. “Percorremos todo Estado para fazer esse trabalho minucioso, coletando amostras de solo, mas nada disso foi aproveitado no Zoneamento que o Daniel mostrou para a governadora Suely Campos no dia 27 de janeiro”, disse. “Fui à tarde e falei para a governadora que a minha empresa não se responsabilizava pelo trabalho que ele apresentou”, afirmou. “Antes, havia pedido essa peça técnica para o Daniel e ele disse que iria entregar à governadora, mas até agora, pelo que sei, não foi entregue”, afirmou.
Ele ressaltou que a equipe técnica dos professores da UFRR está com todos os relatórios para concluir o processo e fechar o ZEE tão logo os professores retornem de férias.  “Falta incluir essa parte dos trabalhos que está com o Daniel e concluir mais alguns relatórios e assim entregar para o IACT, que foi quem nos contratou e já nos notificou para entregar a peça. Já marcamos uma reunião para mostrar o que já temos até o momento”, frisou.
OUTRO LADO – A Folha tentou contato telefônico com o ex-presidente do IACT, Daniel Gianluppi, mas as ligações davam na caixa postal. Foi deixada mensagem, mas até as 18h não houve retorno. (R.R)