Iniciada na manhã desta quarta-feira, 5, a paralisação de 72 horas da Polícia Civil já começa a impactar negativamente na prestação de serviços a população do Estado. Encabeçado pelo Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol), o ato chama a atenção pelo drama vivenciado pelos profissionais da segurança pública que estão há dois meses sem salários.
“Nós já estávamos com movimentos progressivos, no intuito de sensibilizar o Governo, mas acabou que chegamos ao nosso limite. Estamos sem condições mínimas de exercer as nossas atividades, aqui dentro [5º DP] não tem mais pessoal da limpeza, não tem água potável para os servidores, tão pouco para a população, não tem papel, não tem internet, fora essa questão dos salários que estão atrasados há dois meses. Nossa condição [de trabalho] hoje é análoga a de escravo. Trabalhar sem salário é escravidão”, ressalta o presidente do sindicato, Leandro Almeida.
Servidores da Polícia Civil estão concentrados no 5º DP (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
Reunindo vários servidores na sede do 5º Distrito Policial (5º DP), situado no Distrito Industrial, o ato pretende garantir pelo menos o pagamento de um mês de salários, uma vez que para a categoria, tanto os serviços de registro de Boletim de Ocorrência (B.O) quanto o trabalhos do Instituto Médico Legal (IML) são indispensáveis para a população.
“Vamos fazer esse movimento até que haja pagamento de pelo menos um mês de salário. As respostas do Governo para a categoria não tem tido muita importância, porque nada do que eles falam acontece. Então, é indiferente se hoje a governadora disser que nos pagará amanhã, porque nós não vamos mais acreditar no que ela fala. Foram várias promessas feitas e nenhuma delas tiveram o seu devido cumprimento”, completou.
O presidente do Sindpol destacou ainda que o movimento é pacífico e ordeiro, e que a adesão de profissionais é de 95%. “Hoje um terço da categoria está de férias. Então, quando se fala em um universo de 690 servidores, mais de um terço já tem que dizer que está foram do Estado ou tratando de algum assunto que deveria ter tratado e que agora está resolvendo nas férias. Então, nós temos dois terços do efetivo trabalhando, e desse número, creio que 95% aderiram ao movimento”, disse.
Por fim, Leandro Almeida lamenta que a situação de ingerência administrativa tenha chegado ao ponto de fazer com a categoria tomasse a decisão de parar as atividades, mas que profissionais e seus familiares já não estão mais suportando a humilhação de terem negado o que lhes são de direito.
“É a primeira vez em quase 15 anos, após primeiro concurso público, que os profissionais passam por esse tipo de situação. É humilhante e constrangedor ter que tirar da sociedade à única unidade da Polícia Civil que ainda estava funcionando. É com tristeza que fazemos isso, mas nós também temos famílias e precisamos colocar o pão de cada dia em nossas mesas e pagar as nossas contas”, finalizou.
OUTRO LADO – Em resposta a reportagem, A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) ressaltou, em nota, que o pagamento dos salários de todos os servidores, inclusive os da administração indireta, depende de desbloqueios das contas do governo.
A maior dificuldade em honrar o compromisso, segundo a pasta, é gerada por bloqueios judiciais imposto pelos poderes, mas que Procuradoria Geral do Estado (PGE) tem feito reiteradas ações para solucionar o problema.
Colaborou o repórter João Barros.