Política

Policiais civis protocolam ofícios na Assembleia e polemizam

Parlamentares ouvidos pela Folha consideraram o ocorrido como um absurdo, afirmando tratar-se de uma iniciativa para “constranger os deputados estaduais”

Uma diligência do Grupo de Resposta Tática (GRT) da Polícia Civil na sede da Assembleia Legislativa de Roraima provocou surpresa em quem passava pelo local na manhã de ontem, 6.

Além das viaturas que foram estacionadas com o giroflex ligado em frente à Casa Legislativa, um carro descaracterizado com outros agentes da Polícia Civil também estava ao local. Os policiais estavam fortemente armados e dois deles protocolaram documentos na entrada do prédio, enquanto outros dois policiais seguiram para o setor de Gestão de Pessoas, onde foram entregues ofícios e intimações. Eles não informaram o teor do material à reportagem da Folha.

Os policiais permaneceram por cerca de 1h30 no local após protocolar a documentação. Questionados, se limitaram a afirmar que “cumpriam ordens”.

A Assembleia Legislativa emitiu nota logo em seguida, confirmando que a ação seria apenas para a entrega dos documentos e que o teor das intimações seria o recebimento de diárias pelos servidores no ano de 2015.

O Governo do Estado respondeu à demanda da Folha informando que os autos referentes às diligências realizadas na Assembleia Legislativa tramitam em segredo de Justiça e que, portanto, não poderia dar esclarecimentos sobre os fatos, apesar de ter sido questionado sobre a logística utilizada para a entrega das intimações.

Parlamentares ouvidos pela Folha, e que preferiam não ser identificados, consideraram o ocorrido como um absurdo, afirmando tratar-se de uma iniciativa para “constranger os deputados estaduais”. Ainda conforme os parlamentares, a ação tem ligação direta com a eleição da Mesa Diretora da Casa, que será realizada no dia 1º de janeiro, e seria uma tentativa para desestabilizar a Casa.

Mesa Diretora representa contra delegado por abuso de autoridade

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Roraima ajuizou uma representação por abuso de autoridade contra o delegado de Polícia Civil Alexandre Matos Lima, responsável pela ação de entrega de intimações, junto ao Ministério Público do Estado de Roraima, no final da tarde de ontem. A medida seria uma reação às diligências realizadas na sede do Poder Legislativo, para a entrega de documentos e que teriam simulado uma operação policial.

A representação salienta que parte da imprensa local já aguardava no hall da instituição pela chegada dos policiais, o que levantou suspeitas de que a imprensa havia sido avisada do que ocorreria. O documento reforça que o que houve foi a entrega de cinco ofícios relacionados à prestação de contas de diárias.

Na representação, a Assembleia considera ainda que o ato “configura improbidade administrativa, uma vez que em meio a uma das maiores crises financeiras do Estado, foi utilizado aparato estatal, em desvio de finalidade, para constranger o Poder Legislativo e os seus membros”. Conclui ressaltando que o ato gerou uma despesa que o Estado sequer pode arcar, diante da crise pela qual passa, em que os salários dos servidores estão atrasados há meses.

OUTRO LADO – A delegada-geral de Polícia Civil, Giuliana Castro, informou por meio de nota que as diligências ocorreram conforme a praxe da rotina policial. “Não houve nenhum tipo de abuso e essa suposta representação, da qual ainda não tivemos conhecimento se realmente foi protocolada, só demonstraria que não se quer colaborar com as investigações autorizadas e determinadas pela Justiça Estadual mediante representação do Ministério Público Estadual, e com essa atitude estaria buscando intimidar a Polícia Civil, que está cumprindo seu dever constitucional. Ressalto que os autos tramitam sob segredo de justiça”, informou.