OPINIÃO

Da estrela e da glória eterna

Walber Aguiar*

Tu és o glorioso, não podes perder, perder pra ninguém…   Lamartine Babo

 Naquela tarde tudo parecia suspenso no ar e havia algo de completamente estranho. O céu estava um tanto escuro, como escuro era o coração de milhões de alvinegros. Gente nervosa, agitada, barulho no ar. De repente, veio à tona as pernas tortas de Garrincha, a alegria do povo, com dribles ligeiros e desconcertantes. Sua arte de enganar com a ginga, de brincar com os Joões que iam de um lado para outro, cheios de confusão e perplexidade.

Também apareceu diante do Monumental de Nunes a enciclopédia do futebol, Nilton Santos. O gigantesco estádio argentino parecia pequeno para comportar a memória daquele que levava consigo não apenas a bola, mas uma vastidão de conhecimento acerca do esporte bretão. Didi, Manga, Túlio, Seedorf e Loco Abreu também desfilavam suas memórias e virtudes diante da multidão de espectadores naquela espécie de coliseu argentino.

Assim, ante grande expectativa, os gladiadores da estrela solitária adentraram a arena verde do monumental estádio, onde, ao final do combate , um dos dois tombaria, enquanto o outro seria levado, guindado aos píncaros da glória eterna.

Um menino seria o correspondente da alegria de pernas tortas, dos dribles mirabolantes. Luiz Henrique, o artilheiro, envergou a gloriosa camisa sete e soube muito bem honrar o manto alvinegro. Assim, junto com Almada, Savarino, Marlon, Alex Teles e Igor Jesus, empunharam escudos de defesa e canhões na direção dos que também almejavam a grande glória. Manga e Jefferson tiveram em John um grande arqueiro, um defensor que envergava a número um com grandeza e galhardia. Barboza estava lá, na defesa do patrimônio botafoguense, evitando que tombasse Tiquinho, Adrielson, Junior Santos e todos os gladiadores da coragem e da alegria estonteante.

Enfim, o galo mineiro achou-se rendido e vencido na arena do monumental de Nunes. A massa alvinegra enxergou um brilho, um clarão estoante no céu de Buenos Aires. Era a glória eterna que, com graça, força e fé emprestava definitivamente seu brilho ao Botafogo e sua fascinante estrela solitária…

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*Advogado, poeta, historiador, Mestre em Letras, Professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras.

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