A mãe de um aluno de dez anos denunciou que o filho tem sido vítima de bullying e agressões por alguns colegas do 4º ano do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Ela disse desconhecer providências do colégio contra os casos, embora tenha formalmente comunicado os episódios.
O menino é diagnosticado com cinco transtornos globais do desenvolvimento – Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositor-Desafiante (TOD), Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) e Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) -, além de epilepsia.
Soco no olho
O último episódio aconteceu na quinta-feira (28) e foi denunciado à Delegacia do Idoso e Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais. À Polícia Civil, a servidora pública de 36 anos relatou que, dentro da sala de aula, uma discussão acalorada começou após ele ser chamado por um apelido pejorativo. Depois, três alunos passaram a agredir o filho dela com socos e chutes.
Uma das agressões atingiu o olho esquerdo, quebrando a lente esquerda do óculos do estudante. “Poderia ter ocorrido algo mais grave, se essa lente entrasse no globo ocular”, disse a mãe, destacando que a cuidadora que apartou a briga também ficou ferida.
A servidora pública disse que o filho já foi agredido por dois colegas de turma em ocasiões anteriores, os mesmos envolvidos nessa última briga. A mãe acusa o colégio de não garantir a inclusão de alunos atípicos, nem de dispor de profissionais suficientes ou qualificados para intervir em casos de bullying.
“No início do ano, juntamente com um grupo de pais de criança atípicas procuramos o colégio para reportar situações de bullying praticada por criança neurotípicas, principalmente no sentido fazer de provocações: apelidando, excluindo, pegando objetos, desestabilizando emocionalmente e acabando por deixar a criança em um quadro de crise”, destacou a mãe.
O que diz a direção
A diretora Adriana Santos afirmou que, nesse e em outros casos de bullying e agressão, o colégio adota um protocolo de “escuta qualificada” às famílias dos alunos envolvidos e que também envolve a orientação e o atendimento, a coordenação de ensino e a direção. Ela afirmou que já existem reuniões agendadas para tratar do episódio da semana passada.
“Fora isso, temos os relatórios que são produzidos pelos servidores que acompanham os alunos. Tem professor de apoio, duas cuidadoras na sala e mais a professora da sala de aula. Todas as salas do 1º ao 5º ano são atendidas por um pessoal especializado”, destacou ela, que nega que o colégio tenha número insuficiente de profissionais para agir em situações de bullying. “Não consigo observar isso, até mesmo porque os profissionais que atuam na escola são regulamentados pela legislação”.
Adriana afirmou, ainda, que o colégio segue um código de ética discente para tratar da parte educacional e da inclusão de crianças na unidade escolar, também com o intuito de minimizar os conflitos dentro da sala de aula. “Cobramos dos pais ação mais efetiva também no sentido de trabalhar com todos esses alunos, mas claro que a avaliação desse caso se dá pela escuta de todos”, pontuou.
Por fim, a diretora destacou seis principais atividades trabalhadas pelo colégio para prevenir e combater o bullying ao longo do ano letivo: ações de orientação quanto à sexualidade, à empatia, ao contrato didático pedagógico, à mediação de conflitos, às discussões em sala de aula e à escuta ativa rotineira.
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