Protesto indígena contra PEC 48 chega ao 40º dia em Roraima

Lideranças indígenas exigem a retirada da PEC 48, a suspensão da Lei 14.701 e cobram a presença do senador Hiran Gonçalves

As manifestações incluem atos na BR-174, com gritos de resistência e protestos, além de uma intensa programação cultural. (Foto: Divulgação)
As manifestações incluem atos na BR-174, com gritos de resistência e protestos, além de uma intensa programação cultural. (Foto: Divulgação)

O movimento indígena de Roraima chegou, nesta quarta-feira (6), a 40 dias de mobilização contra a PEC 48 e outras medidas que afetam os direitos dos povos originários. Desde o dia 28, lideranças de diferentes regiões do estado se concentram na comunidade indígena Sabiá, localizada na Terra Indígena São Marcos, região do Alto São Marcos.

As manifestações incluem atos na BR-174, com gritos de resistência e protestos, além de uma intensa programação cultural. Oficinas, seminários, debates e apresentações artísticas têm envolvido mulheres, jovens, crianças, anciãos e lideranças indígenas, promovendo a valorização da cultura e o fortalecimento das pautas do movimento.

Educação e tradição

(Foto: Divulgação)

Entre as atividades realizadas, estão aulas práticas conduzidas com metodologia de educação específica e diferenciada, lideradas por professores e lideranças indígenas. Nesta quarta-feira, as oficinas tiveram como foco a confecção de artesanato, como cocares, brincos, colares e a produção de bebida tradicional (caxiri). Outras práticas, como pintura corporal, também foram realizadas com o objetivo de preservar e transmitir os conhecimentos culturais às novas gerações.

O professor Ulisses Monteiro, que participa da mobilização desde o início, destacou a importância de unir a luta política às práticas culturais. Ele conduz oficinas de confecção de cocares, explicando o simbolismo de cada peça.

“Primeiro, quem usa o cocar é só liderança, principalmente aqueles produzidos com penas de araras. A arara tem um significado importante, pois semeia e tem a função de semear algo bom, liderar o povo”, explicou Monteiro. Ele também reconheceu que atualmente muitos utilizam o cocar por questões estéticas ou como forma de identificação cultural.

Segundo ele, a oficina também contribui para fortalecer a mobilização. “A importância da oficina é mostrar para os alunos a importância da cultura e aprender também. E dentro desse contexto, estamos trabalhando a arte de fazer, da escrita e a interdisciplinaridade, onde envolve várias ações. Isso é parte da mobilização, porque quando você começa a valorizar a sua cultura, você já vai para uma manifestação com a consciência e com mais força de dizer a sua reivindicação”, afirmou.

Transmissão de saberes

A artesã Marciliana Lima, de 65 anos, do povo Macuxi, aproveita o momento para compartilhar seu conhecimento sobre a produção de colares, pulseiras e outros artesanatos.

“Para mim está sendo bom, muito importante, estamos aqui reunidos e aproveitando para praticar, principalmente as mulheres. É um trabalho coletivo, envolvendo as crianças e jovens”, ressaltou Marciliana.

Mobilização continua

O movimento segue por tempo indeterminado. As lideranças indígenas exigem a retirada da PEC 48, a suspensão da Lei 14.701 e cobram a presença do senador Hiran Gonçalves, autor da PEC, que até o momento não dialogou com os representantes dos povos indígenas.

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