Vídeos mostram ação de policiais penais que resultou na morte de detento

A família de Denis Márcio Felix Correa está entrando com uma ação de reparação cível contra o Estado

Momento em que os policias penais carregam o corpo de Denis (Foto: reprodução)
Momento em que os policias penais carregam o corpo de Denis (Foto: reprodução)

Denis Márcio Felix Correa, de 25 anos, morreu no dia 19 de junho deste ano, após ter sido atingido por um tiro de bala de borracha dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), onde cumpria pena a cerca de 1 ano e meio.

Na época da morte de Denis, a Secretaria de Justiça e Cidadania (SEJUC) informou que o tiro teria sido disparado pelos policiais penais, após o detento ter se envolvido em uma confusão na área de contenção do presídio, e que o tiro teria sido uma forma de dispersar os detentos.

A FolhaBV obteve com exclusividade as imagens de circuito interno da PAMC que mostram toda a ação que levou a morte de Denis. As imagens fazem parte do processo que tramita na justiça e apura a conduta dos policiais penais envolvidos.

O primeiro vídeo, gravado às 10h12, mostra o momento em os policiais penais se aproximam da cela de contenção na ALA 13, ocasião em que dois policiais disparam para dentro da cela. Nas imagens, é possível ver que Denis cai próximo a porta e fica desfalecido. Os policiais andam de um lado para o outro por cinco minutos até que abrem a porta, puxam o preso ensanguentado para fora, o algemam e o carregam para fora da ala. (veja o vídeo abaixo)

Outro vídeo, às 10h19, mostra os policiais penais carregando Denis entre as alas até a sala de atendimento médico. (veja o vídeo abaixo)

As câmeras de segurança também mostram o momento em que Denis é colocado em uma maca às 10h19 e aguarda por socorro médico e é encaminhado ao Hospital. (veja o vídeo abaixo)

Família vai entrar com ação contra o Estado

Quase seis meses após a morte de Denis, a família está entrando com uma Ação de Reparação Cível contra o Estado. “Estamos em busca de justiça. Nada vai trazer de volta o meu irmão, mas não podemos nos calar. Os culpados precisam ser responsabilizados”, disse a irmã de Denis, Karen Taíssa Silva Sodré.

A irmã de Denis, Karen Taíssa Silva Sodré, em entrevista à FolhaBV (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Segundo a família, Denis, que deixou dois filhos, havia recebido diagnóstico de esquizofrenia antes de ser preso. “Meu filho precisava de atendimento médico, toda vez que eu ia lá ele me falava que não estava passando pelo médico, foi um descaso”, disse a mãe do detento.

A família contou ainda como souberam da morte de Denis. “A assistente social nos ligou por volta das 15h e disse que tinha acontecido um acidente com ele na PAMC, e que devíamos ir até a Sejuc para ter mais detalhes. Chegando lá, fomos informados o que houve e seguimos para o HGR, onde segundo os médicos, ele teria tido duas paradas cardíacas. Lá por volta das 19h, recebemos a notícia que ele não tinha resistido”, disse a jovem.

O laudo cadavérico, emitido pelo Instituto Médico Legal (IML), aponta que a morte de Denis foi causada por hemorragia intracraniana por traumatismo crânio-encefálico grave por ação perfuro-contundente de alta energia e curta distância.

O advogado que representa a família, Marlon Dantas, esclareceu que já existe a ação criminal impetrada pelo próprio Ministério Público, e que agora a família buscará a reparação cível, por meio de uma indenização.

“As imagens deixam claro que os policias penais atiraram de curta distância causando o ferimento na cabeça de Denis, que gerou a morte de Denis de forma negligente e trágica”, disse.

Advogado Marlon Dantas (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Servidores envolvidos foram afastados do cargo

Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania informou que tramita Processo Administrativo Disciplinar na Corregedoria da pasta para apurar as circunstâncias em que se deu o óbito do interno Dênis Marcio Félix Corrêa, oportunidade na qual os servidores que se encontram na condição de acusados foram afastados preventivamente e após a conclusão, as instituições pertinentes (Ministério Público Estadual, Vara de Execução Penal e Defensoria Pública Estadual) serão devidamente cientificadas do resultado da apuração.