Cultura

Videoclipe mostra a luta dos povos indígenas da Amazônia

Videoclipe teve gravações no lago Caracaranã e na comunidade indígena Raposa 1

O primeiro vídeo clipe da banda Kruviana começou a ser produzido este mês e tem como locações os cenários do lago Caracaranã e paisagens da comunidade indígena Raposa 1, situadas no município de Normandia (RR).

A banda é parte integrante do programa de extensão universitária da Universidade de Roraima (UFRR) intitulado Kruviana Anna Eserenka, que prevê a valorização da arte indígena por meio da música na perspectiva intercultural, assim como permite estudos sobre as danças, rituais, línguas e cantos tradicionais dos povos indígenas da região.

A banda existe há cinco anos na UFRR e está sob coordenação da professora Ise Goreth, docente vinculada ao Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, no qual boa parte dos integrantes também faz parte. Os integrantes são selecionados por meio de edital e recebem bolsas da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão (PRAE/UFRR).

A previsão do término dos trabalhos do primeiro vídeo é no mês de abril de 2019, quando o grupo planeja fazer o lançamento durante as comemorações do dia do índio na UFRR e disponibilizar o produto audiovisual nas redes sociais.

Os integrantes da banda, apoiadores e a coordenação fizeram ao longo deste mês várias reuniões para decidir o roteiro, a produção e as locações das gravações, além de ensaios para consolidar a performance. A música escolhida nesta primeira fase tem como título “Mente Aberta”, e é um manifesto elaborado pelos próprios estudantes com letras que falam sobre o enfrentamento ao preconceito, a valorização da cultura e da tradição indígena, além de posicionar os indígenas na luta e na conquista de seus direitos previstos na Constituição Brasileira.

Banda é parte integrante do programa de extensão universitária da Universidade de Roraima (Foto: Coordcom/UFRR)

O aluno do curso de Gestão Territorial Indígena, Makdones Santos de Almeida, que é descendente dos povos Macuxi, Wapichana e Saterê explica que a escolha do lago Caracaranã levou em conta a história do lugar, que há tempos é uma das sedes de importantes reuniões e assembleias dos povos indígenas. “Estamos fazendo este clipe para promover a identidade e a reivindicação dos diretos dos povos indígenas. Estaremos em outros lugares para falar sobre estas questões políticas, ambientais e sociais que nos cabem. Cantamos sobre a preservação da natureza porque fazemos parte dela. Cuidando dela, estamos cuidando das futuras gerações de todos os povos”, destacou.

Cristian Alves da Silva, vocalista da banda, está no sexto semestre do curso de Engenharia Elétrica na UFRR. Ele diz que poucas pessoas conhecem as raízes indígenas do estado de Roraima e gravar no lago Caracaranã e na comunidade indígena Raposa pode trazer ao grande público a percepção do valor da cultura e da região. “É preciso diálogo de ambas as partes para o convívio saudável. O povo brasileiro precisa conversar sobre estes assuntos. Muitas pessoas não sabem como é a cultura indígena”, disse.

Cristian assim como os outros membros recebem bolsas pela PRAE/UFRR e a ideia do programa é promover a interculturalidade, portanto, há espaços para estudantes não-indígenas como ele, para participarem do programa. O edital que seleciona estudantes para receberem a bolsa e participar do programa, atende prioritariamente ao aluno indígena.

Lançamento será em abril de 2019 (Foto: Coordcom/UFRR)

Professora Ise Goreth diz que a gravação do audiovisual tem como objetivo divulgar o valor da cultura indígena e dar visibilidade às lutas dos povos autóctones por meio da arte. “Esta é uma música autoral de protesto que fala da importância de enfrentarmos os preconceitos”, ressaltou.

AMANHECER – O segundo vídeo clipe está previsto para ser gravado nos dias 18, 19 e 20 de dezembro, na região da serra do Tepequém, município de Amajari (RR). A música tem como título “Amanhecer” e descreve as potencialidades e belezas naturais da Amazônia, sobretudo do estado de Roraima, com seus rios, serras, fauna e flora.

 O grupo teve apoio da reitoria da UFRR, vice-reitoria, PRAE/UFRR, Prefeitura Universitária, Coordenadoria de Comunicação da UFRR (Coordcom), Rádio e TV Universitária (RTU), Under Age Marketing e Publicidade, Studio 4 (Kléber Gomes), Jacir Souza Filho, voluntários, ao povo da comunidade Raposa e suas lideranças.