Política

Senador questiona Ministério dos Povos Indígenas sobre interdição de áreas no AM

No requerimento, Dr. Hiran (Progressistas-RR) pede mais detalhes sobre trâmites do Governo Federal junto a empresa Eneva e comunidades indígenas das regiões questionadas

Obras da Eneva para produção de gás começaram em 2020 (Foto: Reprodução/Eneva)
Obras da Eneva para produção de gás começaram em 2020 (Foto: Reprodução/Eneva)

Após a declaração da empresa Eneva S.A sobre o risco de apagão em Roraima caso duas áreas no Amazonas sejam interditadas pela Fundação dos Povo Indígenas (Funai), o senador dr. Hiran (Progressistas) solicitou informações do Ministério dos Povos Indígenas sobre os trâmites feitos entre o Governo Federal, Ministério Público do Amazonas e a empresa.

O parlamentar questiona a ministra Sônia Guajajara sobre o processo de interdição das áreas com presença de povos indígenas isolados nas regiões de Mamoriá Grande e Igarapé Caribi, que ficam nos municípios de Lábrea, Silves e Itaparanga.

Segundo o requerimento, o gás liquefeito que abastece a usina termelétrica Jaguatirica III em Roraima é extraído destas áreas no Amazonas. Com a possível interdição, o estado sofrerá o risco de apagão no sistema, pois a unidade é responsável pelo fornecimento de 80% da eletricidade que chega às casas, empresas e unidades hospitalares dos roraimense.

O requerimento solicita a documentação completa dos estudos feitos pela Funai para embasar a recomendação, cópia integral, incluindo a resposta da Funai sobre a sugestão enviada pelo Ministério Público do Amazonas, o registro de consulta aos povos indígenas da região e as respectivas opiniões sobre o impacto da interdição, posicionamento da Funai quanto as consequências da suspensão da extração de gás que abastece a energia para Roraima, as alternativas apresentadas pela instituição e cronograma de conclusão dos estudos e decisão final.

“São questionamentos necessários para entender aonde querem chegar. Não é simplesmente chegar, fechar tudo e colocar um Estado inteiro a mercê de decisões isoladas, por isso solicitei todas estas informações para proteger Roraima de um possível colapso energético”, declarou o senador Dr. Hiran.

Senador dr. Hiran questionou os Ministério dos Povos Indígenas sobre os trâmites para interdição das àreas (Foto: Arquivo Pessoal)

Interdição das áreas

O pedido de interdição da área foi feito por recomendação do MPF/AM, de autoria conjunta dos Procuradores da República Daniel Luís Dalberto, Eduardo Jesus Sanches e Fernando Merloto Soave para a Diretoria de Proteção Territorial da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O documento leva em consideração informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Membros da CPT que avistaram os indígenas nessa área e fizeram um registro fotográfico, solicitaram a atuação do MPF em relação à presença de indígenas isolados na região.

O MPF/AM ressalta ainda que a Frente de Proteção Etnoambiental Madeira Purus da Funai atestou a presença de indígenas isolados na região do Mamoriá, no Amazonas, pelo menos em 2021 e em 2023, conforme Relatório da Expedição Mamoriá Grande de dezembro de 2023; e que comunitários apontaram a presença desses povos e evidências deles no local, ao menos, desde 1992.

O documento também considera o ofício da Funai sobre exploração de petróleo e gás em Silves. O relato é que a região do Igarapé Caribi é área de manejo madeireiro pela empresa Mil Madeiras Preciosas e que há também a presença de empreendimento de gás pela empresa Eneva.

Leandro de Sousa

Repórter

Repórter do jornal Folha de Boa Vista, com experiências como Social Media, edição de fotos e vídeos e produção de TV. Cursando o último semestre do curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Repórter do jornal Folha de Boa Vista, com experiências como Social Media, edição de fotos e vídeos e produção de TV. Cursando o último semestre do curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Roraima (UFRR).

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