O Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar de Roraima (PMRR) alertou sobre os impactos negativos causados pelos trotes aos serviços de segurança pública. Em entrevista, o comandante Coronel Péricles de Araújo destacou que o envio de informações falsas ao Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOPS) compromete o atendimento de ocorrências reais e sobrecarrega recursos públicos.
O tema ganhou destaque após um boato circular nas redes sociais informando que um assalto havia ocorrido em um hotel no bairro Mecejana. Segundo a falsa informação, uma recepcionista teria sido rendida e dinheiro roubado do estabelecimento. Após investigação, constatou-se que a ocorrência era, na verdade, um trote.
Segundo o comandante, o CIOPS recebe em média oito trotes mensais que não são identificados pelos operadores. “Geralmente, esses trotes são gravíssimos, com alegações de assalto, vítima no local, ou até ameaça de bomba. Isso demanda o deslocamento de viaturas e equipes especializadas para situações que, no fim, não existem”, explicou.
Ele ressaltou que o impacto vai além do desperdício de recursos. “Enquanto uma viatura está atendendo um trote, deixamos de atender uma ocorrência real, como um assalto ou a captura de criminosos. Além disso, há um desgaste psicológico para os agentes envolvidos, que enfrentam situações estressantes desnecessárias”, afirmou Péricles.
O comandante também alertou para o efeito negativo na credibilidade da corporação e na percepção da sociedade. “Quando casos reais acontecem, mas as pessoas estão céticas por causa de trotes recorrentes, isso desmoraliza a corporação e prejudica o trabalho de segurança pública.”
Consequências legais para quem passa trotes
Passar trote é considerado crime no Brasil. Conforme o artigo 340 do Código Penal, quem provoca a ação de autoridades comunicando falsa ocorrência de crime ou contravenção pode ser punido com detenção de um a seis meses, além de multa. Em casos mais graves, como o uso de trotes para gerar pânico ou prejuízos significativos, as penas podem ser ampliadas, dependendo da avaliação da autoridade competente.
A pandemia também registrou um aumento expressivo no número de trotes. Em 2019, o estado contabilizou cerca de 300 registros desse tipo. Embora os números tenham diminuído, o problema persiste.
O Coronel Péricles reforçou a necessidade de conscientização da população. “Os trotes não apenas prejudicam a sociedade, mas também desviam recursos que poderiam salvar vidas. Precisamos que a comunidade entenda a gravidade dessa prática”, concluiu.