Indígenas venezuelanos mantiveram a fronteira fechada do lado da Venezuela nessa quarta-feira, 12. A informação é que o movimento está pacífico na fronteira com o Brasil, mas que a passagem só está sendo liberada para brasileiros que desejam regressar para o seu país.
O Vice-Consulado do Brasil em Santa Elena de Uairén confirmou que o protesto dos indígenas ocorreu por conta de conflitos entre militares e a comunidade, que resultou em mortos e feridos. Apesar de a fronteira estar fechada por tempo indeterminado, o Vice-Consulado ressalta que mudanças podem ocorrer a qualquer momento, tanto para melhorar quanto para agravar a situação.
“Isso pode mudar a partir de amanhã, o protesto não tem prazo de duração. Querem ser ouvidos e acusam o Governo Venezuelano de querer tomar as terras e minerais à força. Os bloqueios ocorrerão, segundo Serafim, por toda Gran Sabana e estão criando várias linhas de protesto desde a área conhecida como 88”, informou o Vice-Consulado.
Na tarde de ontem, 12, o Conselho de Caciques e Generais do Povo Pemón emitiu novo comunicado reforçando o bloqueio. Nele, os indígenas negaram as recentes declarações do ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, de que houve um enfrentamento armado na região, o que ocasionou as mortes, entre outros assuntos.
PREJUÍZO – O taxista Igleyson Gomes, proprietário de uma cooperativa de veículos de transporte em Pacaraima, explicou que o bloqueio já tem gerado prejuízos para a população. Com a falta de acesso ao posto de combustível internacional, foi preciso enviar a frota para abastecer em Boa Vista, na Capital.
“O motorista abastece, vem com o tanque cheio e a gente vai separando com os outros. Não tem condição, está fechado. O ruim é que eles podem passar para cá, fazer as suas compras e tudo. E nós não podemos passar para lá. É difícil a situação”, reclamou.
ENTENDA O CASO – Desde o início da noite de segunda-feira, 10, comunidades indígenas da etnia Pemón impedem a passagem de veículos na Venezuela em razão de um enfrentamento entre índios e militares venezuelanos da Direção-Geral de Contra-Inteligência Militar (DGCIM) na região de Canaima, a cerca de 20 quilômetros de Pacaraima.
Na terça-feira, o caminho só foi reaberto em situações ocasionais, como para a passagem de pessoas caminhando e um ônibus escolar de Pacaraima. Com o bloqueio, vários veículos brasileiros ficaram engarrafados na fronteira e impedidos de seguir viagem.
Moradores do município também ficaram revoltados por conta do posto internacional de combustível ficar fora de acesso. Em determinado momento, brasileiros tentaram fechar a fronteira e impedir a entrada de venezuelanos, mas foram impedidos pela Polícia Federal e o Exército Brasileiro. O fluxo de imigrantes continua normalizado na região. (P.C.)