Política

Esposo de deputada foi o principal beneficiado do esquema

Focada apenas no transporte escolar, a ação da PF constatou desvio de recursos na ordem de R$ 50 milhões

Representantes das instituições que compõem a Operação Zaragata, deflagrada nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, 14, afirmaram em coletiva de imprensa que os desvios de recursos públicos do transporte escolar tiveram como principal beneficiado a empresa de José Wallace Barbosa da Silva, esposo da deputada eleita Yonne Pedroso (SD), também presa na ação.

“As investigações constataram que havia servidores públicos que recebiam propinas para liberar, por exemplo, faturas da empresa do senhor Wallace, com alta prioridade, enquanto diversos empresários amargavam meses de atrasos. Em alguns casos, essa empresa recebia no mesmo dia que a fatura foi liquidada, e em outras situações, o esquema envolvia o pagamento de percentuais de outros empresários do setor, que favoreceram o senhor Wallace”, afirmou Delegado da PF, Anderson Dias.     

Além dele, a coletiva contou ainda com a presença do Procurador da República, Érico Gomes; do delegado Regional Executivo da Superintendência da PF, Flávio Albergaria; do superintendente Regional da Controladoria-Geral da União (CGU), Edimilson Coelho; e do promotor de Justiça do Patrimônio do Ministério Público de Roraima (MPRR), Hevandro Cerrutti.   

O inquérito policial, aberto em agosto deste ano aponta o envolvimento de 10 pessoas, entre eles os ex-secretários Shiská Pereira, preso no início deste mês, no âmbito da Operação Tântalo; e Aline Karla Lira de Oliveira, que foi adjunta da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) no governo Suely Campos (PP).

Além de Shiská, a operação de hoje apontou ainda a participação de Thiago Lima, servidor da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), também preso na operação Tântalo, além de Yonne Pedroso da Silva, deputada estadual eleita pelo partido Solidariedade (SD).

Os investigadores confirmaram que Yonne foi beneficiada no esquema, uma vez que é esposa de Wallace Barbosa. No entanto, ainda estão verificando se parte dos R$ 50 milhões desviados do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) ajudaram na sua campanha política.

Ainda segundo as informações repassadas pelas entidades aos jornalistas, as investigações continuam e outras pessoas podem ser presas, já que pode haver indícios de participação de autoridades políticas nas fraudes, que prejudicaram principalmente os alunos das comunidades indígenas do Estado.

“Ainda que cumprisse o contrato, o serviço estava sendo feito de forma deficitária. As crianças não podiam contar integralmente com o transporte escolar, pois ela tinha a sorte de ter o serviço em um dia, e no dia seguinte já não tinha. Ou seja, na prática temos um dano concreto”, destacou o promotor do MPF, Érico Gomes.

Sobre o cumprimento dos mandados, restam apenas dois para serem cumpridos, sendo um contra o empresário Wallace Barbosa e outro contra a ex-secretária Aline Karla. Os investigadores serão levados para o Comando de Policiamento da Capital (CPC) e Cadeia Pública Masculina de Boa Vista (CPMBV). A matéria completa você confere na Folha Impressa desde sábado, 15.