Política

Servidores públicos, políticos e empresários foram presos

Um mandado de prisão continuava em aberto até o final da noite de ontem; presos foram encaminhados às Cadeias Públicas Masculina e Feminina

O esquema descoberto pela Polícia Federal contava com a participação de agentes públicos e políticos, alguns inclusive que também são alvos de outras operações e já estão presos no Comando do Policiamento da Capital da Polícia Militar.

Dos dez mandados de prisão preventiva, emitidos pela 1ª Vara Federal do Estado de Roraima, na sexta-feira, 14, apenas um ainda não tinha sido cumprido até o fechamento da matéria: o contra o empresário José Wallace Barbosa da Silva Pedroso, esposo da deputada estadual eleita, Ione Pedroso.

Ela é a segunda deputada estadual eleita a ser presa pela PF no estado em menos de 30 dias. No dia 29 de novembro, o deputado estadual eleito Renan Filho (PRB) foi preso preventivamente pela Polícia Federal na investigação relacionada ao sistema prisional.

Foram presos pela manhã a deputada estadual eleita Ione Pedroso da Silva e os empresários Silvestre Minotto, Dilzomar Batista da Silva e Francisco Eyder Rodrigues de Araújo. Os servidores públicos Abmael Alves de Queiros e Tenilles Queiroz Maia. Também foram cumpridos mandados de prisão contra o ex-secretário da Sefaz Shiská Pereira Pires e o servidor da Secretaria estadual de Educação Thiago Lima Martinez, que já estavam presos em razão de outra operação que investiga irregularidades na merenda escolar. Os mandados contra eles foram cumpridos no Comando de Policiamento da Capital (CPC), onde estão detidos.

A ex-secretária de Estado da Fazenda (Sefaz), Aline Karla Lira de Oliveira, que foi procurada durante toda a manhã de sexta-feira, se entregou no início da tarde na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Roraima.

No âmbito da operação Zaragata os investigados poderão responder na medida de sua participação pelos crimes de peculato, organização criminosa e crimes relacionados à Lei de licitações (art. 90 da Lei 8.666/93). A Justiça já decretou o bloqueio de ativos e sequestro de bens e imóveis dos envolvidos que estejam acima de R$ 10 mil.

Promotor diz que vai pedir indenização por dano coletivo

O promotor de Defesa do Patrimônio Público, Hevandro Cerrutti, do Ministério Público de Roraima, afirmou durante a coletiva à imprensa na sede da Polícia Federal que pretende ingressar com uma ação civil pública por improbidade administrativa e dano moral coletivo por conta da paralisação do transporte escolar e do transtorno provocado às crianças que ficaram sem aula. “Nada mais justo de que pleitear dessas pessoas essa responsabilidade também pelo dano moral coletivo ocasionado à sociedade”, frisou.

Cerrutti disse que em maio deste ano o MP ingressou com uma ação contra uma pessoa jurídica e três pessoas físicas por conta da quebra da ordem cronológica nos pagamentos realizados pela Secretaria de Estado da Fazenda e elas estavam envolvidas nessa operação realizada hoje. “A partir dali nós começamos a verificar que duas determinadas empresas tinham preferência em relação aos pagamentos por parte do Estado, pois passavam frequentemente na frente dos outros e essa é uma das empresas investigadas na data de hoje”, revelou.

O promotor contou que um dos denunciantes do esquema chegou a dizer que era humilhado pelos empresários beneficiados por não se deixar corromper. “Quando esteve comigo lá na promotoria, esse cidadão disse que quando reclamou de estar sem receber dizendo que todos teriam que fechar as portas, ouviu o investigado dizer: ‘Se você quer ver sua estrela brilhar, mude para o nosso lado’. Isso demonstra o caráter de humilhação do agente corrupto e a confiança na impunidade além da tentativa de cooptação de um cidadão de bem para ele passar para o lado negro da força”, criticou.