FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
O final de ano traz sempre o suspiro de uma renda extra, o tão aguardado pelos trabalhadores, o 13º salário. O pagamento da gratificação, ou uma parcela da mesma, coincide com o período de final de ano, onde temos as festas natalinas e a típica troca de presentes. É comum os consumidores usarem a gratificação para bancar estas tradições, mas não é o mais indicado pelos economistas.
Apesar de toda a tradição, os roraimenses não estão inclinados a usar o 13º para as festas de final de ano. A vendedora, Josiane Rodrigues de Abreu, por exemplo, usa o dinheiro para aplicar na poupança, com o intuito de realizar o sonho da casa própria. “Eu moro com minha mãe, então ajudo com o IPTU, mas uso o salário de janeiro; o 13º é para pagar algumas dívidas e o que sobra vai para a poupança”, diz.
Já a auxiliar de vendas, Karina Leite, ainda não havia se planejado para o uso do dinheiro. Então respondeu três prováveis cenários para o uso da gratificação. O primeiro para pagar dívidas; segundo investir em uma moto nova; e terceiro, pagar o IPVA de sua moto.
Estas são possibilidades comumente recomendadas pelos especialistas. Mas de acordo com o economista Dorcílio Erik Souza, é preciso dividir as pessoas em dois grupos para falar de 13º salário. O primeiro grupo é composto por pessoas que durante todo o ano seguiram à risca um planejamento financeiro; já o segundo grupo se trata das pessoas que se perderam nas contas e ficaram endividadas no meio do caminho.
A gratificação é uma ferramenta importante para custear as despesas típicas tanto do final do ano quanto do início do próximo ano. Isto é para o grupo que teve uma disciplina financeira e que chegou a este momento com as contas em dia.
“As pessoas do primeiro grupo podem usar uma parte do 13º para custear as despesas das festas de Natal, a troca de presentes, etc. Mas deve guardar outra parte para as obrigações financeiras do início de cada ano, como IPTU, IPVA, matrícula escolar, despesas que já sabemos que chegam junto com o ano novo”, explicou o economista.
Já o segundo grupo, aquele de pessoas que chegou neste momento do ano devendo, a orientação é utilizar a maior parte, ou a totalidade do 13º para o pagamento de dívidas, assim é possível que o novo ano comece do zero, com a possibilidade de poder chegar ao final de 2019 com as contas em dias e então o 13º poderá ser utilizado para custear o consumo típico de final de ano.
“Se o valor da parcela para este grupo for suficiente para pagar todas as dívidas e ainda sobrar algo, a dica é abrir mão das festas de final de ano, fazer uma confraternização menor e economizar porque isto permitirá um planejamento para chegar ao final de 2019 com as contas em dia”, recomendou Souza.
Servidores públicos precisam dar atenção especial ao 13º
É importante lembrar que Roraima possui uma característica que o diferencia de outros Estados, a economia local depende fortemente do setor público e durante dois meses houve o atraso do pagamento desses servidores, o que gerou uma anomalia em nossa economia. Com os pagamentos voltando ao normal, a economia começa a se reestruturar, mas os servidores precisam ter uma atenção ainda maior com o uso do 13º salário.
“Os servidores públicos que receberam os salários e estão tentando colocar em dia o pagamento do cartão de crédito, cheque especial e dinheiro emprestado, a orientação é que o 13º, caso os salários não sejam suficientes para custear esses débitos por conta dos juros, seja usado para pagar as dívidas. Porque deixando o nome limpo, o crédito estará disponível tanto por meio das instituições financeiras, como as pessoas que ajudaram com empréstimos ou vendas fiadas”, afirmou o especialista.
A orientação é utilizar o 13º com eficiência de priorizar o pagamento das dívidas e se sobrar um pouquinho, custeia as festas de fim de ano, mas sempre lembrando que é preciso deixar uma reserva deste recurso para o início de cada ano que já começa com aquelas fortes emoções financeiras. (F.A)