Cotidiano

Moradores estão sem acesso a posto de combustível na VE

Reclamação dos moradores é que o Brasil obedece às leis internacionais e libera a vinda de imigrantes venezuelanos, porém, não recebem o mesmo tratamento

Moradores de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, reclamam da falta de acesso dos brasileiros ao posto de combustível internacional da região. De acordo com o relato da população, a comunidade indígena venezuelana pemón bloqueou o abastecimento nas bombas de gasolinas desde a manhã de terça-feira, 18.

A principal reclamação dos roraimenses é que o Brasil obedece aos tratados internacionais e libera o acesso de venezuelanos aos serviços no país, no entanto, os brasileiros não recebem o mesmo tratamento em retorno.

Os moradores afirmam que o problema tem ocorrido desde o último fechamento da fronteira no dia 12 de dezembro, em razão de conflitos entre indígenas e militares venezuelanos que resultou na morte de uma pessoa e ferimento de outras.

O relato dos moradores é que a fronteira voltou a ser liberada para a passagem de veículos, mas que ocasionalmente havia a restrição do uso das bombas de gasolina. Na terça, o uso foi liberado por cerca de duas horas, mas por volta das 11h da manhã foi bloqueado novamente.

As informações são de que as lideranças indígenas devem se reunir para definir o acesso, porém, até o momento nada foi decidido. Enquanto isso, a população teme um desabastecimento prolongado de combustível.

Sem acesso ao posto de combustível, os motoristas precisam viajar até Boa Vista para abastecer os veículos a um preço três vezes maior do que o aplicado no posto internacional. O valor do litro da gasolina para brasileiros é de R$ 1,50 na região. Já na Capital, está em torno de R$ 4,15.

O professor Fernando Abreu, morador de Pacaraima, afirmou que na terça-feira o posto foi fechado definitivamente pela comunidade indígena venezuelana (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)

“Eles estão impondo questões para nós, brasileiros, sabendo que aquele é o único posto que abastece Pacaraima e as regiões adjacentes. Muitas pessoas estão recorrendo a Boa Vista. São 200 quilômetros para vir e mais 200 para retornar. Torna-se inviável para a população pacaraimense vir até Boa Vista para abastecer”, criticou o professor Fernando Abreu, morador do município.

Outro receio é da possibilidade de alguns brasileiros partirem para a clandestinidade ao abastecer com contrabandistas, correndo o risco de ter os seus veículos prejudicados por conta de combustível adulterado e até de extorsão.

REIVINDICAÇÃO – O professor Fernando Abreu ressaltou que a reivindicação é para sensibilizar as autoridades competentes, sejam elas no âmbito estadual ou federal. O morador acredita inclusive que a implantação de um posto emergencial seria uma solução para o município. “É uma prioridade urgente para Pacaraima. Nós precisamos ter a nossa própria autonomia. Não depender da Venezuela, que nós sabemos que está um caos generalizado”, afirmou

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com o Governo Federal para saber sobre os tratados do Brasil com a Venezuela, considerando o bloqueio do acesso de brasileiros aos serviços no país vizinho, porém, não recebeu retorno até o fechamento da matéria. (P.C.)