Povo Warao repudia homicídio em ocupação no Pintolândia

Conforme a nota, o casal tem sete filhos, que se encontram em situação de vulnerabilidade extrema

Na ocupação funcionava um abrigo exclusivo para migrantes indígenas, mas foi desativado (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Na ocupação funcionava um abrigo exclusivo para migrantes indígenas, mas foi desativado (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O povo Warao veio a público para manifestar repúdio pelo homicídio de Jeferson Montia, de 44 anos, ambos migrantes venezuelanos. Ele assassinado a tiros em uma ocupação no bairro Pintolândia, na noite dessa quarta-feira (8).A esposa de Jeferson, Miguela Perez Cardonaz, de 35 anos, e A filha deles, uma bebê de cerca de quatro meses, ficaram feridas.

Conforme a nota, o casal tem sete filhos, que se encontram em situação de vulnerabilidade extrema. O grupo pediu justiça e agilidade na investigação do crime, cujos responsáveis ainda não foram localizados.

“É inaceitável que nosso povo, já marcado por tantas dificuldades e injustiças, tenha que enfrentar tal atrocidade. […] É alarmante que, em um espaço que deveria ser seguro, um ato tão violento tenha ocorrido. As circunstâncias que levaram a essa tragédia são desconhecidas, mas nós, como comunidade, não podemos ficar em silêncio diante da dor e do sofrimento causado por essa violência”, afirmou.

O coordenador executivo do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente de Roraima (Fórum DCA/RR), Paulo Thadeu, relatou que o local coloca em vulnerabilidade as 167 crianças e adolescentes que moram no local, conforme relatório apresentado pela organização.

“Tudo ali é propenso a prostituição e tráfico. Até quando será preciso morrer mais crianças por desnutrição, sarampo, problemas respiratórios, e agora por tiro?”, disse Paulo.

O espaço está localizada no ginásio poliesportivo do Pintolândia, onde funcionava um abrigo exclusivo para migrantes indígenas. Em dezembro de 2024, a FolhaBV visitou a ocupação e constatou a situação de vulnerabilidade em que vivem quase 300 indígenas Warao.

Indígenas Warao relatam medo depois do crime

A FolhaBV conversou com um morador da ocupação (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Após o homicídio, a reportagem foi até a ocupação e conversou com um dos integrantes da comunidade Yakera Ine, que preferiu não ser identificado. Ele afirmou que se sente amedrontado por não saber o que esperar depois do ocorrido.

“Agora estamos muito preocupados. Temos medo pelos parentes, irmãos, maridos e mulheres. Eles podem morrer ou serem mortos. Precisamos de segurança para a comunidade e ajuda das autoridades. Ontem à noite eu não consegui dormir nada. E agora, já não sei como vai ser amanhã”, disse.

Errata: A FolhaBV informou com base na nota da Guarda Civil Municipal, que Miguela teria morrido no HGR, no entanto, ela encontra-se internada no HGR em estado grave. Por esse erro, pedimos desculpas.