Cotidiano

Terceirizados cobram atrasados

Manifestação aconteceu em meio a tumulto e pedidos de pagamentos de salários atrasados para empresas

Humilhação. O sentimento foi definido por centenas de servidores que prestam serviços terceirizados para o Governo do Estado em uma manifestação na manhã de ontem, 27, em frente à Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). Os funcionários das empresas Haiplan Construções e Serviços e Limponge solicitam o pagamento imediato dos salários, que somam quase seis meses de atraso.

De acordo com os manifestantes, o repasse federal de R$ 225 milhões destinado ao pagamento dos servidores estaduais também deveria englobar as empresas terceirizadas, mas até o momento não obtiveram nenhuma ação sobre os salários atrasados. As empresas somam mais de dois mil funcionários prestadores de serviços de limpeza e apoio nas escolas estaduais, além de secretarias.

Sem respostas durante esse período, os servidores se organizaram através de um grupo de WhatsApp para tentar contato com o interventor federal da Sefaz, general Eduardo Pazuello, e questionar porque ainda não receberam os salários. Conforme relatou uma das organizadoras do movimento, a assistente de aluno Leila Ribeiro, o general não quis atender os manifestantes e disse que não iria se pronunciar.

“São cinco meses de salários atrasados e um de décimo terceiro. Já cansamos de ir atrás das empresas, que não têm mais o que nos dizer porque dependem do repasse do Governo para nos pagarem. Fomos ao Palácio [Senador Hélio Campos] e à Secretaria de Educação e falaram que só quem poderia passar informação sobre os salários seria o interventor”, relatou a manifestante.

Leila destacou que muitos servidores passam por necessidades financeiras, precisando de ajuda de familiares ou de empregos temporários para conseguirem renda extra. “Quando decretaram a intervenção, foi dito que viria o recurso para pagar os efetivos, comissionados, seletivados e as terceirizadas. Estamos nos sentindo usados para conseguirem mais verba. Onde está o dinheiro que era para as empresas terceirizadas?”, questionou.

ESPERA – A organizadora do movimento garantiu que no final da tarde o general Pazuello chegou a conversar com os manifestantes e afirmou que a previsão para pagamento dos salários é no ano que vem. “Ele falou com a gente na entrada da Sefaz, disse que depois do dia 15 de janeiro, vai analisar a situação das empresas para poder fazer o repasse. Até lá vamos ficar com fome”, lamentou.

Para a cuidadora de crianças deficientes da Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), Leiliane Soares, sendo funcionária há três anos da empresa terceirizada, nunca passou por uma situação de ficar tanto tempo sem receber. “Estou há três dias sem gás, faço outros bicos, mas é pouco”, justificou. Segundo ela, os servidores continuaram trabalhando normalmente nos postos de serviços, mesmo sem receber pagamento.

“A prova de vida já acabou, que quem teria que fazer é a empresa, mas nunca foram chamadas. [Os responsáveis] vieram aqui e não foram atendidos e eles são as pessoas mais interessadas na situação porque todas essas pessoas dependem delas. É uma situação péssima, as pessoas recebendo e a gente não. Estamos trabalhando de graça, somos dignos do nosso salário”, criticou a prestadora de serviços gerais, Patrícia Rodrigues.

Sefaz diz que pagamento será feito após auditoria

A Secretaria da Fazenda (Sefaz) informou, por meio de nota, que em função da Intervenção Federal, todos os contratos de prestadores e fornecedores de serviços serão auditados e, “se não for constatada nenhuma inconsistência, os pagamentos serão liberados, conforme disponibilidade orçamentária”. A nota não informou quando seria realizada a auditoria e nem previsão para pagamento dos terceirizados.

EMPRESAS – A equipe de reportagem tentou entrar em contato com as empresas terceirizadas Haiplan Construções e Serviços e com a empresa Limponge, mas não conseguiu retorno. (A.P.L)